Home Sem categoria Os Lusíadas – Inês de Castro, de Luís Vaz de Camões

Os Lusíadas – Inês de Castro, de Luís Vaz de Camões

by Lucas Gomes

1.

(PUC-SP)
Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.

Estavas, linda Inês, posta em sossego
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.

Os Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero
épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo
se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro,
do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo
camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como
um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:

a) personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências
e causa da tragédia de Inês.

b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene
e festivo de ambos.
c) tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima
herdeira do trono de Portugal.
d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o
nome que no peito escrito tinha.
e) relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos
filhos e sua elevação ao trono português.

2. (FUVEST) Considere as seguintes afirmações do crítico
Hernâni Cidade, a respeito do discurso feito por Inês de Castro
em Os Lusíadas:

“O discurso é uma bela peça oratória, concebida
por quem possui todos os segredos do gênero. (…) Nele a inteligência
sonctrutiva do clássico superou, no poeta, o sentimento da verdade psicológica.
A idéia fundamental – põe-me em triste desterro, mas poupa-me
a vida em respeito de teus netos – alonga-se por toda uma eloqüente oração
ciceroneana, em que não faltam as alusões mitológicas apropriadas.“

Sobre as palavras do crítico e o conteúdo do episódio
de Inês de Castro, é correto afirmar que:

a) pode-se considerar a fala de Inês de Castro um exemplo de peça
oratória graças à intensa expressão lírica
que o discurso apresenta;
b) uma das alusões mitológicas presentes no episódio relaciona-se
a Vênus, deusa do Amor, responsável pela paixão trágica
de Inês de Castro;
c) o tom oratório presente no discurso da personagem vem somar
à expressão lírica a organização lógica
das idéias, conferindo à enunciação um caráter
argumentativo;

d) segundo o crítico, verificam-se elementos da oratória no episódio
de Inês de Castro, os quais são resultado da capacidade do poeta
de revelar a verdade psicológica dos personagens;
e) a idéia fundamental do discurso da personagem relaciona-se à
tristeza em relação aos amores dos quais ela reconhecia não
ter culpa, já que o verdadeiro culpado é Amor.

3. (POLI) Os versos a seguir pertencem ao Episódio de Inês
de Castro, do poema épico Os Lusíadas:

Do teu príncipe ali te respondiam
as lembranças que na alma lhe moravam,
que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.

Camões, Os Lusíadas.

Em relação à composição formal (rima, métrica,
ritmo) do trecho, NÃO podemos afirmar:

a) Nesta estrofe ocorre a única exceção da perfeição
formal em que dizem ter Os Lusíadas, pois apresenta um verso
com 11 sílabas.

b) A rima, combinação de sons das palavras, feita ao final de
cada verso é a famosa composição abababcc, que Camões
usou nas 1102 estrofes de Os Lusíadas.
c) Fazendo a divisão das sílabas poéticas (como se canta)
dos versos, o terceiro verso da estrofe seria: que/ sem/ prean/ te/ seus/ o/
lhos/ te/ tra/zi.
d) Como em todo o poema épico de Camões, essa estrofe apresenta
8 versos.
e) Na divisão silábica do sexto verso a palavra “voavam”
separa-se “vo/a” e conta-se até “a”, pois a sílaba
“vam” é átona, por isso não deve ser considerada.

4. (FUVEST) Texto para a questão.

Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito (fruto)
Naquele engano da alma, ledo e cego, (alegre)
Que a Fortuna não deixa durar muito, (Destino)
Nos saudosos campos do Mondego, (rio de Coimbra)
De teus fermosos olhos nunca enxuito, (enxuto)
Aos montes insinando e às ervinhas (ensinando)
O nome que no peito escrito tinhas.

(Camões, Os Lusíadas, III, 120)

O trecho acima inicia o episódio de Inês de Castro, aquela que
‘depois de ser morta foi rainha’. Sobre ele, aponte a alternativa incorreta:

a) Os versos correspondem à chamada ‘medida nova’ (decassílabos).
b) Os versos transcritos formam uma oitava-rima, que é a estrofe utilizada
no poema.
c) Camões narra o
fato como um episódio guerreiro dentro de Os Lusíadas.

d) Os três atributos destacados em Inês são a beleza, a juventude
e a paixão.
e) A natureza é apresentada como solidária de Inês em seu
amor por D. Pedro.

Posts Relacionados