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Tsunami

by Lucas Gomes

Tsunami significa “onda gigante”, em japonês.

Os tsunamis são um tipo especial de onda oceânica, gerada por distúrbios sísmicos. São ondas gigantescas com alto poder destrutivo quando chegam na região costeira, causadas por terremoto, deslizamento de terras, vulcão submarino em atividade ou até mesmo pela explosão de uma bomba atômica na superfície do mar.

Normalmente possuem um comprimento de onda que varia de 130 a 160 quilômetros podendo atingir até 1.000 quilômetros, período de 15 minutos até 2 horas e se deslocam em velocidades maiores que 360 nós (650 km/h), alcançando até 480 nós (890 km/h). Em águas profundas, sua altura não atinge mais que 1 metro, não sendo portanto percebidas devido ao seu grande comprimento. Como qualquer onda, quando entram em águas rasas têm sua velocidade e comprimento reduzidos e altura aumentada, podendo alcançar dezenas de metros.

Aos tsunamis são atribuídos diversos marcos históricos como:

– As extinções do Quaternário, quando 70% das espécies de grandes mamíferos tornaram-se extintas: matutes, tigres de dente de sabre, ursos da caverna, preguiças gigantes etc. E o homem de cro-magnon e o homo erectus. Diversos estudiosos atribuem aos tsunamis, a extinção de Atlântida, o continente perdido. Diz a lenda, contada por Platão e outros, que os Atlantes eram um povo altamente desenvolvido, que dominavam diversas tecnologias. Atlântida foi engolida pelo mar ao jogarem uma Bomba de H dentro do vulcão Krakatoa, que explodiu com uma violência enorme, causando imenso tsunami que engatilhou o fim da Idade do Gelo.

Foto do Museu Bishop

Na foto ao lado, uma tsunami varreu o centro de Hilo, Hawaii, em 1º de abril de 1946. As pessoas tiveram que buscar um terreno alto para se livrarem da terrível onda.

 

NOAA/ESDIS

A foto à direita, foi tirada quando uma  tsunami rompeu a muralha do cais, também em 1º de abril de 1946, em Hilo, Hawaii. A pessoa que está na foto, foi uma das 173 vítimas dessa catástrofe

Um estudo realizado por cientistas americanos e britânicos prevê que a onda gigante, ou tsunami, surgiria a partir de uma erupção vulcânica no arquipélago das Canárias. O fenômeno, segundo eles, ainda não tem uma data prevista para acontecer. Mas já foi considerado preocupante.

De acordo com os cientistas Steven Ward, da Universidade da Califórnia, e Simon Day, da Universidade de Londres, a intensa atividade do vulcão Cumbre Vieja, nas Canárias, provocaria o deslocamento de um pedaço da costa rochosa da ilha de La Palma. Ao mover-se, a gigantesca massa formaria a tsunami que, por sua vez, viajaria até cidades importantes às margens do Oceano Atlântico. Para os cientistas, a maior parte da energia da onda — equivalente a toda a energia elétrica gerada nos EUA num período de seis meses — deslocaria-se a uma velocidade de 800 quilômetros por hora rumo à costa dos EUA, passando antes pela Europa, África e América Latina. Depois da costa dos EUA e Caribe, a força da onda seria mais sentida no norte da Europa, principalmente no litoral inglês.

Os pesquisadores contaram com o auxílio de um computador para simular como a onda se formaria após a erupção vulcânica. No entanto, os cientistas salientaram que o Cumbre Vieja aparentemente não corre o risco de entrar em intensa atividade num futuro próximo. A última erupção do vulcão ocorreu em 1949. “Estamos analisando um fenômeno que pode estar a décadas ou a um século de distância. O que esperamos é poder ter tempo para atuar nesses locais, evitando ao máximo as catástrofes”, explica o britânico Simon Day. O deslocamento da costa aconteceria porque a formação rochosa das Ilhas Canárias é historicamente instável. A pesquisa identificou ainda uma ligeira atividade no vulcão, que, segundo os estudiosos, pode entrar em erupção em intervalos inferiores a cem anos. A onda poderia atingir 900 metros de altura logo após sua formação e chegar ao litoral com 50 metros.

No Brasil, a região mais ameaçada seria o Norte, cujo litoral seria atingido por uma onda de mais de 40 metros de altura. A onda avançaria ainda até oito quilômetros terra adentro, destruindo tudo pela frente.

O modelo de computador previu que a região que mais sofrerá com a tsunami será a costa da Flórida, onde o maremoto poderá avançar quilômetros pelo continente. — O computador nos mostrou que o vulcão Cumbre Vieja precisa, portanto, ser constantemente monitorado — explicou Day.

Como a maioria das Ilhas Canárias, a origem de La Palma é vulcânica. A ilha tem o vulcão mais ativo do arquipélago, com erupções ocorridas nos últimos 500 anos. No século 20, houve duas erupções – em 1949 e 1971. Outras erupções aconteceram em 1470, 1585, 1646, 1677 e 1712.

Em maio de 2004, o Instituto Oceanográfico Woods Hole, nos EUA, detectou uma falha geológica no Atlântico não muito longe do continente que, em caso de terremoto, ocasionaria ondas enormes. As causas da falha são desconhecidas. No entanto, acredita-se que ela também poderia acelerar a formação de uma tsunami.

Um exemplo bem documentado de tsunami ocorreu em 1883, originado devido a grandes erupções vulcânicas na ilha de Krakatau (antes chamada de Krakatoa), entre Java e Sumatra nas Índias Orientais. Este tsunami destruiu a cidade de Merak, levando um navio de guerra 2,5 quilômetros terra adentro e deixando-o a 10 metros do nível do mar. Mais de 36 mil pessoas morreram. O período desse tsunami foi de 2 horas e suas ondas (cerca de uma dezena), viajaram em velocidade variando de 650 a 850 Km/h, tendo atingido 30 metros de altura na linha da costa.

foto: Centro Internacional de Alerta Contra Tsunamis

Na foto ao lado, veja a destruição que uma tsunami causou em Kodiak, Alaska, em 27 de Março de 1964. Esta tsunami causou a morte de 21 pessoas e prejuízos de 30 milhões de dólares.

Confira abaixo a reportagem feita pelo programa Fantástico (Rede Globo) com o engenheiro oceânico Paulo Rosman:

Pequenas explosões no vulcão atenuariam a erupção?
Rosman – Não é bem assim, porque o que está para fora da água é uma pequena parte do todo. Grande parte do vulcão está embaixo d’água. É tão grande que não são pequenas explosões que vão causar qualquer mudança significativa. Seria apenas um pequeno arranhãozinho na superfície do problema. Essas pequenas explosões teriam um efeito insignificante.

E se fossem explosões mais profundas?
Rosman – Você tem uma grande pilha estável e ela está correndo risco de desmoronar: se você começa a explodir, de repente essa explosão faz com que você desencadeie o processo, a erupção.

A onda atingiria Camboriú, em Florianópolis, e o Rio de Janeiro?
Rosman – Grandes cataclimas na região das Canárias aconteceram por volta de 1750, quando Lisboa sofreu demais. Coisas que acontecem lá no Atlântico Norte não podem afetar de forma significativa o litoral do Atlântico Sul, principalmente o litoral sudeste do Brasil, a não ser que acontecesse uma queda de meteoro, no meio do Atlântico Sul, aí sim, mas não com esse problema das Canárias. Existem tsunamis gerados por movimentos no fundo do mar, você nem vê. Não é só a possibilidade de a montanha cair na água, o que está no fundo também pode chacoalhar e ser um causador de catástrofe maior do que está acima da superfície.

A onda chegaria em Belém?
Rosman – Para quem mora em Belém, a preocupação deve ser muito pequena. Aliás, a preocupação deve ser muito pequena para quem mora em qualquer lugar, porque a chance disso acontecer é mínima. Nós estamos no Brasil, e em mais de 500 anos de História e não há registro de catástrofes desse tipo. Não há por que ficar tão alarmado. A região de Belém não é a mais propensa a sofrer muitos danos, porque está dentro do delta do Amazonas, então há muitas barreiras e proteções internas até chegar lá.

Quem mora em Fortaleza pode ser surpreendido?
Rosman – A possibilidade de acontecer em Fortaleza é a mesma de acontecer em qualquer lugar da costa leste do Brasil. As ilhas Canárias estão longe: no Atlântico existem poucos pontos em que podem ser gerados tsunamis. Existe uma região próxima de Porto Rico que já gerou tsunami, e nem por isso atingiu a costa do Ceará. Um tsunami devastou a cidade de Lisboa em 1755: naquela altura já existiam povoações importantes no nordeste brasileiro, mas não temos notícias de que povoações tenham sido devastadas pela onda. É até muito possível que aconteça um evento nos próximos cem anos, e que os efeitos na costa norte e nordeste do Brasil sejam muito menores do que os efeitos na costa da África, da Europa e dos Estados Unidos.

Probabilidade remota de atingir o Brasil
Rosman – Não há razão para as pessoas ficarem com tanta angústia, porque a probabilidade de um evento desse acontecer é muito pequena. Segundo: ondas de tsunamis só atingem a costa e sobem no máximo a uma altura de 10 metros, ou coisa que o valha, depende da topografia da região. Numa cidade costeira, não é todo mundo que mora na beira da praia, quem estiver nas partes mais altas da cidade não corre qualquer risco. Aliás, nos principais lugares do mundo que são sujeitos a esse tipo de problema existem planos de ação para os tsunamis. Eles têm detectores, porque lá acontece toda hora, várias vezes numa década. Então eles têm planos e metas de detecção, planos de alerta, planos de ação, e o que população faz é simplesmente se mover dos locais costeiros baixos para regiões mais altas e pronto. O problema fica sério quando todo mundo é pego de surpresa.

Na costa do Brasil não há um plano de detecção de tsunamis. Por quê?
Rosman – Porque são eventos tão raros que não vale a pena ainda, ninguém pensou em fazer isso pela raridade do evento.

Há risco para quem mora em Natal?
Rosman – A cidade de Natal tem trechos muitos baixos e tem também trechos altos, trechos que estão acima de 10 metros de altura em relação ao nível do mar. Não há qualquer risco. A probabilidade de fazer uma viagem de Natal para São Paulo e sofrer um acidente é muito maior do que a probabilidade de sofrer um acidente por causa de um tsunami.

Caso venha a acontecer o fenômeno, o que deve ser feito?
Rosman – A única coisa que se pode fazer é ter um plano de ação previamente ensaiado, de conhecimento da população. Nós não temos isso no Brasil porque a incidência desse fenômeno é raríssima. No Alaska, Havaí e Japão ocorre freqüentemente, lá existem inúmeros programas de detecção avisos e medidas que a população tem que tomar. Ou seja, os instrumentos detectam o problema, são dados avisos e as pessoas têm um tempo para se mobilizar e sair. Mas não adianta apenas o aviso, porque se der o aviso gera pânico. A coisa só funciona se a população tiver um treino, um plano de ação, se souber para onde ir e como ir para se colocar em situação segura.

Se acontecesse uma catástrofe nas ilhas Canárias, quanto tempo teríamos para tomar providências no Brasil?
Rosman – O tempo seria de 5 a 10 horas. Teria que calcular as distâncias entre o ponto de ocorrência e as diferentes cidades. A velocidade com a qual a onda se propaga depende da profundidade do oceano. No oceano profundo, ela é muito mais rápida, na ordem de 600, 760 km/h, equivalente à velocidade de um aviso supersônico, de um Boeing. É perfeitamente possível calcular o tempo para onda chegar nesses locais. Seria coisa de muitas horas, no mínimo quatro a cinco horas. Se houvesse um sistema de detecção em tempo real, um sistema de alerta e um plano de evacuação, em quatro horas daria tempo para todo mundo sair. Se não houver um plano, quatro horas vai ser suficiente para fazer o maior engarrafamento na cidade, vai ficar todo mundo preso no engarrafamento.

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