Após ter aprovado na semana passada a política de acesso
diferenciado aos cursos de graduação, já para
2011, o Conselho Universitário (Consuni) aprovou nesta
quinta-feira, 19 de agosto, a proposta da Reitoria de destinar uma em
cada cinco vagas do próximo concurso de acesso para estudantes
de colégios vinculados à secretaria estadual e às
secretarias municipais de educação, além da
Fundação de Apoio à Escola Técnica do
Estado do Rio de Janeiro (Faetec), vinculada à secretaria
estadual de ciência e tecnologia.
As vagas para cotistas (20%) serão preenchidas de acordo com as
notas aferidas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pelo
Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Além dessas,
40% das vagas também serão alocadas de acordo com o Enem,
porém sem cota de qualquer espécie. Os 40% restantes
serão destinados a um concurso de acesso próprio da UFRJ,
discursivo como de costume.
O percentual de vagas destinadas às cotas foi objeto de intenso
debate. Diversas propostas foram feitas, além da original
preparada pela Reitoria. O professor Marcelo Paixão
(representante dos professores adjuntos do Centro de Ciências
Jurídicas e Econômicas), apoiado pelos conselheiros
discentes, defendeu que o montante de cotas chegasse a 50% do total de
vagas da universidade, e Agnaldo Fernandes, representante dos
servidores técnico-administrativos, propôs 30%.
Ambos abriram mão das formulações, na hora da
votação, em favor do professor Gabriel Pereira da Silva
(representante dos Professores Adjuntos do Centro de Ciências da
Matemática e da Natureza) que propôs 35%. Mas, por 20
votos contra 18, foi aprovada a proposta da Reitoria, destinando aos
cotistas um quinto do total das vagas, com a proporcional e consequente
assistência estudantil, que possibilite a permanência dos
estudantes na universidade. As cotas não se estendem a escolas
que tradicionalmente apresentam ótimo desempenho nos concursos
de acesso e, portanto, não necessitariam do benefício,
como o Colégio de Aplicação (tanto da UFRJ como da
Uerj), o Colégio Militar e o Colégio Pedro II.
A política aprovada é provisória, válida
apenas para o concurso de 2011, e o debate acerca da melhor
política de acesso e do uso de ações afirmativas
não se esgotou e prosseguirá sendo realizado na
universidade. O reitor Aloisio Teixeira destacou que a UFRJ não
pretende fazer uma revolução. “Não depende
de nossas decisões acabar com o racismo ou com a desigualdade.
Temos de ser responsáveis. Temos de saber como a universidade
reagirá à medida.”
Fonte: Bruno Franco – Jornal da UFRJ