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Um esqueleto (Conto da obra Contos escolhidos), de Machado de Assis

by Lucas Gomes

Um esqueleto, de Machado de Assis, tem como tema central o drama de ciúmes, complicado com outros elementos macabros. Este conto foi baseado em fato real, e o tal esqueleto seria o de uma cantora lírica francesa, a bela Eugênia Mege, que ao chegar ao Brasil se apaixonara por um médico de grande clínica da antiga capital do Império, o Dr. Antônio José Peixoto. Assassinada pelo marido ciumento, seu corpo fora depois roubado da sepultura pelo amante, que lhe armara o esqueleto e o colocara, numa vitrine, em seu consultório, como um caçador ardente que colecionasse os seus troféus.

O louco que protagoniza a narrativa é insano, desenrolando-se a trama entre peripécias medonhas que devem ter feito correr um calafrio pelas alvas e castas espinhas das leitoras do “Jornal das Famílias”, onde foi publicado inicialmente. O epílogo é, entretanto, abrandado pelo mesmo artifício das outras narrativas: o nefasto personagem Dr. Belém, um doente mental, seria realmente um louco. Se tivesse existido… “Mas o Dr. Belém não existiu nunca”, pondera Machado, “eu quis apenas fazer apetite para o chá…”. E o autor reduz a narrativa, aterradora até então, aos “cestos de costuras”.

Em Um esqueleto, a situação é macabra até os últimos parágrafos, narrada com “marcas de veracidade”; no entanto, é desfeita no final, e a história não passa de um embuste.

Resumo

Em uma praia, 10 ou 12 rapazes estavam reunidos. Conversavam sobre vários assuntos, até que um deles resolveu elogiar a língua alemã, e outro concordou. Assim, Alberto disse que aprendera alemão com o Dr. Belém, um homem que escrevera um livro de teologia, um romance e descobrira um planeta. Não encontrou editor para os livros, e a carta enviada para atestar a descoberta do planeta perdera-se.

O narrador obtém a atenção de todos quando prova a excentricidade do Dr. Belém contando-lhes a história de um esqueleto.

Em Minas Gerais, um dia Alberto conversava com o Dr. Belém, na porta da casa deste. Alberto perguntou se o Dr. Belém já tinha sido casado e este disse-lhe que fora casado. Dr. Belém convidou Alberto para ir até seu gabinete lá mostrou ao jovem o esqueleto de sua primeira esposa. Alberto ficou aterrorizado. Porém o jovem deu uma nova idéia ao Dr. Belém: o casamento. Dr. Belém escolheu a jovem viúva D. Marcelina para ser sua nova esposa. Embora ela tivesse apenas 26 anos e fosse cortejada pelo tenente Soares, Dr. Belém durante três meses insistiu no pedido de casamento. D. Marcelina sempre negou. Porém, passados os três meses, D. Marcelina aceita o pedido de casamento do Dr. Belém. Todos estranharam tal união, não era por dinheiro, tampouco por amor pensavam os convivas.

Dr. Belém tinha 50 anos, mas aparentava 60, vestia-se de forma estranha e devido à sua aparência física era chamado de defunto ou lobisomem. No entanto, o casamento aconteceu e Dr. Belém transformou-se. Passou a vestir-se conforme o gosto da esposa, e sua casa encheu-se de alegria Alberto era o único o freqüentar-lhes a casa, assim convivia com a alergia daquela morada. Um dia, não podendo ficar para almoçar na casa do casal, pediu para ficar algum tempo no gabinete para terminar a leitura de um romance. Estranhou o silêncio do casal e, ao ir despedir-se, viu que, à mesa, sentado com o casal estava o esqueleto. Horrorizado com aquela cena, decidiu não freqüentar mais aquela casa. Entretanto, um dia Dr. Belém cobra-lhe a visita e diz-lhe que o amigo deveria fazer-se presente na casa do casal. Alberto decide ir, pois ele era a única pessoa normal com quem D. Marcelina tinha contato.

Além das três pessoas, durante um jantar, estava à mesa o esqueleto. Alberto percebe o constrangimento de D. Marcelina e pede ao amigo uma explicação para aquela situação absurda. Dr. Belém diz-lhe que queria que as duas esposas se dessem bem ou que a primeira serviria do exemplo à segunda. Dr. Belém contou que matou sua primeira esposa com as próprias mãos, pois ela o traíra. Uma carta anônima tinha denunciado o adultério. Porém, mais tarde, Dr. Belém soube que mora um engano, uma mentira. Não houve traição, mas a primeira esposa, Luisa, deveria servir como exemplo à segunda caso esta não cumprisse suas obrigações de esposa. Alberto deixa a casa do casal disposto a não voltar mais.

Não entendeu aos chamados do amigo, mas, em 15 dias, recebeu um bilhete de D. Marcelina, que dizia que ele em a única pessoa normal com quem tinha contato. Apiedou-se da jovem Senhora e lá foi. Surpreendeu-se com um anúncio e um pedido. Dr. Belém diz-lhe que fará uma viagem ao interior e pede-lhe para fazer companhia a sua esposa. Temeroso, Alberto diz não ao pedido, mas não havia outra pessoa. Assim, Alberto faz a irmã e o cunhado hospedarem a esposa do Dr. Belém. Passados alguns dias, Dr. Belém manda-lhes uma carta, pedindo que Alberto levasse ao seu encontro D. Marcelina. Mais uma vez, Alberto convence a irmã e o cunhado a viajarem ao encontro do Dr. Belém. Era indispensável que levassem com eles o esqueleto. Ao completarem a viagem a esposa e o esqueleto são entregues ao Dr. Belém. Ao despedirem-se, a fim de voltar a cidade, o Dr. Belém persuade a todos a esperarem por ele. No outro dia pela manhã, Dr. Belém convida sua esposa e o amigo Alberto para um passeio na floresta. Alberto seguia o casal que caminhava em silêncio. Quando chegaram a uma clareira, lá estava sentado o esqueleto, Dr. Belém tirou uma carta do bolso e disse aos jovens que sabia de tudo, que eles não o enganariam mais. D. Marcelina começou a chorar e Alberto, em vão, tentava explicar a situação. Até que Dr. Belém disse que entendia tudo, pois eles eram jovens e amavam-se e por isso deveriam ficar juntos. Dito isso, agarrou-se ao esqueleto e correu para a mata. Alberto não o pode perseguir, pois precisou auxiliar D. Marcelina que se desesperava. Dr. Belém recebera a carta do tenente Soares, porque este estava despeitado devido à escolha da jovem.

Todos os rapazes escutaram a história com a maior atenção e um deles disse a Alberto que o Dr. Belém era verdadeiramente um doido. Alberto nu e disse-lhe que o Dr. Belém teria sido um doido se tivesse existido.

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