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Universidade deve ser primeira a substituir vestibular por novo Enem

by Lucas Gomes

A UFBA (Universidade Federal da Bahia) deve largar na frente, sendo uma das
primeiras instituições federais do país a substituir o
vestibular pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como instrumento
de seleção de novos alunos.

A mudança passará a valer para o ingresso na instituição
já em 2010, quando aproximadamente 1.300 estudantes deverão deixar
de prestar o concurso vestibular, fazendo valer o seu desempenho no Enem.

Nesta semana o reitor da UFBA, Naomar Almeida, sinalizou a implantação
do novo sistema, após reunir-se com integrantes do Consepe (Conselho
de Ensino, Pesquisa e Extensão) da UFBA – formado por 48 membros, entre
representantes de cursos, pró-reitores, servidores e lideranças
estudantis – e o diretor de Avaliação da Educação
Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacional Anísio
Texeira), Héliton Ribeiro Tavares.

O Conselho tem prazo de 15 dias para enviar seu posicionamento ao MEC. “Me
parece que ficou tudo bem encaminhado”, afirma.

Universidade nova

Inicialmente a inovação abrangerá apenas os quatro cursos
BI (Bacharelados Interdisciplinares) já implantados na universidade baiana.
No que diz respeito às graduações consideradas tradicionais,
como direito e medicina, a mudança se dará apenas a partir do
ano seguinte, 2011.

Naomar de Almeida explicou que a opção por esses cursos deveu-se
ao fato de que, diferentemente dos cursos tradicionais, eles prescindem de segunda
fase do concurso.

Os BIs estão divididos em quatro áreas do conhecimento: artes,
humanidades, ciência e tecnologia e saúde. Têm duração
de três anos e caráter não-profissional. Somente após
concluir essa etapa o aluno deverá fazer a opção por um
curso que lhe proporcione uma formação definitiva. Após
estes três anos, conforme Naomar, o aluno obtém uma certificação
intermediária, que lhe faculta o direito de concorrer, por exemplo, a
uma vaga de concurso público de nível superior. “Esse sistema
não é nenhuma novidade, já funciona nos Estados Unidos
há cerca de 100 anos”, observa.

O novo desenho, defende o reitor da UFBA, facilita ao aluno migrar para outro
curso. “No modelo atual, ele não pode mudar, a menos que preste
um novo vestibular”, exemplifica.

De alguma forma, diz ele, os primeiros alunos que ingressam este ano na UFBA
para os BIs, um grupo que ultrapassa mil estudantes, já passaram por
uma seleção similar, a partir do Enem. “O que vamos fazer
agora é formalizar a implementação do novo modelo”,
diz, frisando que, na reunião desta semana, o Consepe mostrou-se bastante
inclinado a aprovar a inovação.

Novo Enem

Outra grande vantagem na opinião dele é a mobilidade que o modelo
representa para os estudantes, que poderão concorrer a vagas em outras
regiões do país sem precisar se deslocar de Salvador. “A
possibilidade de estudantes concorrerem em qualquer faculdade vai obrigar escolas
e cursinhos a melhorarem a qualidade de ensino de um modo geral, pondo fim à
metodologia da decoreba. Formará universitários mais empenhados
na busca pela intelectualidade”, acredita.

A mudança já sensibilizou outras lideranças estudantis
na Bahia como o diretor da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas),
Herbert Brito, que considera a proposta de unificação dos processos
seletivos de ingresso nas universidades federais, usando o Enem, bastante positiva.
“Entendemos que o vestibular, nos moldes atuais, é excludente”,
opina. O Pró-reitor de pesquisa e pós-graduação
da Uneb (Universidade Estadual da Bahia), professor Wilson Matos também
entende a mudança como importante para ampliar a democratização
do ensino superior no Brasil.

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