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Verminoses: 4. Esquistossomose

by Lucas Gomes

A Esquistossomose é uma importante doença no brasil, devido ao
número de vítimas. Segundo a Fundação Nacional de
Saúde, estima-se que haja 200 milhões de pessoas infectadas no
mundo, enquanto outros 600 milhões encontram-se sob risco de contrair
a doença.

No Brasil a esquistossomose está presente em 19 estados, dentre eles
São Paulo, e existem aproximadamente 26 milhões de brasileiros
expostos ao risco de contaminação.



Esquistossomos adultos: a fêmea, mais longa (comprimento de 10 a 20
mm por 0,16mm de diâmetro), dentro do canal ginecóforo do macho

(este com 6 a 12 mm de comprimento por 1,1 de largura). (Fonte:
Dacach, 1979)

É uma infecção produzida por cada uma das três espécies
de esquistossomo: Schistosoma haemotobium, Schistosoma japonicum
e Schistosoma mansoni (de Sir Patrick Manson, 1844-1922, parasitologista
britânico famoso por avanços em medicina tropical; em 1877, por
exemplo, descobriu que a malária era transmitida por um mosquito), e
que tem, conforme o esquistossomo causador, características próprias
e dependentes da localização deste. É também conhecida
como esquistossomíase, bilharziose (homenagem ao bacteriologista alemão
Theodor Bilharz,1825-1862, professor da Escola de Medicina do Cairo, que, em
1851, descobriu e descreveu, no Egito, o esquistossômulo do Schistosoma
haemotobium
) e, popularmente, barriga d’água.

Dependendo da espécie, o verme inicialmente aloja-se nos vasos sanguíneos
da bexiga (Schistosoma haemotobium), no intestino (Schistosoma
japonicum
), e no fígado e intestino (Schistosoma mansoni).
Por isto os dois últimos são conhecidos como provocadores de esquistossomíases
intestinais e o primeiro da urinária.

Na esquistossomose mansônica o agente etiológico (agente que causa
a doença) da esquistossomose mansoni é o esquistossomo (Schistosoma
mansoni), um verme platelminto, da classe dos trematódeos, família
dos esquistossomídeos, digenético (providos de duas ventosas)
e sexuado, parasita do homem e de alguns mamíferos masurpiais, em cujas
veias do sistema portal localizam-se os vermes adultos. A veia porta é
aquela que conduz ao fígado o sangue venoso proveniente de vários
órgãos abdominais (baço, estômago, intestino delgado,
cólons etc.). Também se diz apenas porta, portal.



Ovo do verme do Schistosoma Mansoni, ovóide alongado, cor amarelo
-amarronzado, casca transparente e contendo um miracídio (Fonte:
Thienpont et alli, 1986)

O ovo de S. mansoni mede 150 micrômetros de comprimento por 60
micrômetros de largura (1 micrômetro corresponde a uma das partes
resultantes de um milímetro dividido em 1000). Visto ao microscópio
óptico, o ovo pode ser reconhecido pela presença de um espículo,
espécie de pequeno espinho, voltado para trás.

As fêmeas de S. mansoni põem os ovos na parede de pequenos
vasos sanguíneos. Eles permanecem nesse local por cerca de uma semana,
até que as larvas, presentes no seu interior, alcancem um determinado
estágio de desenvolvimento, quando, finalmente, são liberados
juntamente com as fezes, indo contaminar o ambiente. Assim, se essas fezes forem
deixadas perto ou dentro de um manancial de água doce, parada ou com
pouca correnteza, elas irão contaminar a água com os ovos de S.
mansoni
, que eclodirão dando origem a larvas denominadas de miracídios.
Se nesses mananciais houver determinadas espécies de caramujos os miracídeos
irão infectá-los. Só depois de passar pelo caramujo e se
transformar em outro tipo de larva, a cercaria, é que o S. mansoni
terá capacidade para penetrar no corpo humano. Os principais caramujos
que servem como hospedeiros intermediários são do gênero
Biomphalaria, cuja principal característica é a concha
de cor marrom acinzentada e achatada nas laterais.



Cercária corada pelo carmim (Fonte: Chaia, 1975)

Depois de trinta dias, aproximadamente, o caramujo infectado liberará,
na água onde vive, cerca de 100 a 300 mil cercárias, que ficam
nadando e que podem penetrar em vários organismos, como aves e outros
mamíferos, mas só continuarão o seu ciclo de vida se infectarem
o homem. Nele, a penetração das cercarias ocorre através
das mucosas e da pele, principalmente da pele dos pés e das pernas, por
serem as áreas do corpo que mais se expõem ao contato com a água.
Ao penetrar através da pele as cercárias provocam sintomas como
sensação de comichão (coceira), inchaço local, vermelhidão
e dor. Se essas larvas estiverem na água a ser bebida elas penetrarão
pela mucosa da boca, desenvolvendo-se normalmente, ou irão para o estômago,
onde o suco gástrico provocará a destruição de todas
elas.

Depois de penetrar através da pele, as cercarias migram pelo tecido
até alcançar um vaso sanguíneo. Desse modo, elas são
levadas junto com o sangue até os pulmões podendo causar febre,
mau estar, tosse, dores musculares, dores abdominais e hepatite. Dos pulmões,
juntamente com o sangue, elas alcançarão os vasos sanguíneos
do fígado, podendo causar febre e aumento do abdômen devido ao
acúmulo de água, razão da doença ser conhecida também
como barriga d’água. No fígado essas larvas alimentar-se-ão
e transformar-se-ão em adultos fêmea e macho. Depois de se acasalarem
as fêmeas darão origem a ovos que serão depositados, principalmente
na parede dos vasos que irrigam o intestino. Na maioria das vezes, esses ovos
desenvolver-se-ão e serão liberados juntamente com as fezes, contaminando
o ambiente. Ao atingirem a luz do intestino, local onde as fezes são
formadas, eles podem causar hemorragias e inchaço. No entanto, há
casos nos quais os ovos não são levados à luz intestinal
e sim ao fígado, onde causam graves alterações, como a
necrose, que é a morte de células, que são substituídas
por um tecido mais rígido, fibroso, e que não realiza as funções
próprias do tecido hepático.

Os locais mais frequentes para contaminação por esses ovos são
valas de irrigação de hortas, açudes, pequenos córregos,
onde geralmente se lava roupa, e reservatórios de água.

CICLO DE VIDA

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