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Política Internacional – 6. Eleições EUA: Interesses do Brasil

by Lucas Gomes


McCain e Obama queriam ser o 44º
presidente dos Estados Unidos

A escolha de um novo presidente nos Estados Unidos tem profundo impacto não
só na vida dos americanos, mas também em outros países.

Dependendo da linha política e econômica adotada pelo novo presidente,
o mundo tem uma reação diferente. Algumas questões, que
aparentemente dizem respeito apenas aos Estados Unidos, são de interesse
também da América Latina, incluindo o Brasil.

Então, quais os interesses do Brasil que estão em jogo nessas
eleições?

1. Comércio Exterior

Os Estados Unidos são os maiores compradores de produtos brasileiros,
representando 14% das exportações. Para o governo brasileiro,
esse número poderia ser maior caso os Estados Unidos diminuíssem
a ajuda financeira que concedem aos produtores locais, na forma de subsídios.

Uma das grandes expectativas de países exportadores, como o Brasil,
é quanto à estratégia comercial que será adotada
pelo novo presidente. Em outras palavras, se a nova gestão será
favorável ao comércio livre ou adepta do protecionismo.

Uma postura mais favorável ao livre comércio beneficia o Brasil
por dois motivos. Primeiro, porque abre o mercado americano a uma maior quantidade
de produtos brasileiros. Em segundo lugar, cria condições para
que as barreiras comerciais sejam diminuídas em âmbito mundial.
Isso porque as negociações na esfera da Organização
Mundial do Comércio (OMC) dependem fortemente da liderança de
países ricos. Se os Estados Unidos adotarem uma política mais
liberal, a chance de outros países fazerem o mesmo é grande, podendo,
inclusive, salvar a Rodada
Doha
.

2. Etanol

Esse é um dos principais pontos de discórdia entre os dois países
na esfera comercial.

Os EUA cobram uma sobretaxa de US$ 0,54 o barril sobre o etanol brasileiro,
com a justificativa de que precisam proteger o produtor americano.

O candidato republicano, John McCain, demonstrou, durante a campanha, ser contrário
à taxação do etanol brasileiro. Mesmo assim, segundo o
professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília,
Carlos Pio, não há indicações de que uma política
mais liberal seja adotada. “O governo americano pode incentivar investimentos
em etanol na Califórnia ou ainda produzir em outros países. O
Brasil não é a única alternativa”, diz Pio.

O Estado de Iowa, uma das bases eleitorais de Obama, é um dos maiores
produtores de milho do país, outra grande fonte de produção
de etanol e que compete com o produto brasileiro.

3. Liderança na América Latina

Outro ponto importante da agenda do novo presidente diz respeito à sua
postura com relação aos governos de esquerda na região.

Existe a preocupação de que uma atitude de enfrentamento contra
esses governos possa aumentar a instabilidade na região e gerar conflitos
próximos às fronteiras com o Brasil. Uma das principais dúvidas
diz respeito à relação dos EUA com o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez.

Barack Obama sinalizou que pretende conversar com Chávez, dentro de
sua política de negociar com líderes antiamericanos. Já
McCain tenderia a manter a atual política de isolamento contra Chávez
e seus seguidores, entre eles os presidentes da Bolívia, Evo Morales,
e do Equador, Rafael Correa.

Segundo a maioria dos especialistas, a aliança estratégica dos
Estados Unidos com o governo colombiano deve continuar no caso de vitória
de McCain e poderá sofrer abalos com Obama eleito.

O cientista político José Augusto Guilhon, da Universidade São
Marcos, tem uma visão um pouco mais cética em relação
à política externa de McCain. “Como senador, McCain mostrou-se
mais atento às questões da América Latina. No entanto,
houve um certo recuo durante a campanha, que focou em questões internas
dos Estados Unidos”, diz o professor.

4. Crise financeira

Com o agravamento da crise,
o tema passou a ser obrigatório nos últimos dias de campanha.
Ao futuro presidente caberia, entre outras missões, liderar um movimento
para reformulação do sistema financeiro internacional.

Os países emergentes, entre eles o Brasil, estarão na disputa
para participar ativamente desse processo. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tem dito que um novo sistema só será “justo”
se construído em parceria, incluindo países ricos e em desenvolvimento.

Além disso, há grande expectativa em relação às
medidas que o novo presidente irá tomar para salvar a economia americana
da recessão. Teme-se que a saída adotada tenha um cunho protecionista,
dificultando a entrada de produtos estrangeiros no mercado americano.

5. Conselho de segurança da ONU

Uma das principais bandeiras do governo brasileiro tem sido a ampliação
do Conselho de Segurança da ONU, com um assento permanente para o Brasil.
A gestão de George W Bush, porém, não tem se empenhado
na reforma da instituição.

Nenhum dos dois candidatos americanos se posicionou abertamente sobre o assunto.
No entanto, Obama teve uma postura mais favorável à reforma e
ao fortalecimento da ONU.

McCain havia proposto a criação de uma “liga das democracias”,
espécie de ONU excluindo países autoritários. Mas essa
se provou uma idéia polêmica e sem respaldo da diplomacia brasileira.

6. Imigração

Um dos principais temas de interesse para latinos é quanto à
política que seria adotada pelo novo presidente em relação
aos imigrantes.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima
que mais de 1,2 milhão de cidadãos brasileiros vivam nos EUA,
sendo 450 mil ilegais.

Os dois candidatos defenderam que os imigrantes aprendam inglês e que
tenham uma vida mais digna em território americano. O modo como isso
seria feito é que preocupou os latinos que vivem nos Estados Unidos.

As propostas dos dois lados incluíam, por exemplo, maior segurança
nas fronteiras e mecanismos que permitam aos empregadores descobrir se seus
funcionários têm realmente visto de permanência no país.

Pio diz que a implementação de qualquer reforma com relação
à imigração depende mais do Congresso do que propriamente
da vontade do presidente. “É preciso sempre ter em mente que o
Congresso estará preocupado com a crise financeira e isso pode adiar
a discussão sobre os imigrantes”, diz o professor.

Fonte: BBC Brasil

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