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Morar em república é uma boa maneira de fazer amizades

by Lucas Gomes

Além da independência com relação à família,
morar em república (casa ou apartamento alugado com colegas) é
a opção que permite fazer mais amigos, afirmam os estudantes que
mudaram de cidade para estudar. “Começamos com oito pessoas dividindo
a casa, na entrada da Unicamp. Hoje somos em 13, mas até o início
das aulas vamos ter mais dois calouros morando aqui”, afirma Rafael Rodrigues
Dias, 24, formado em engenharia da computação na Unicamp. Ele
é um dos habitantes da república batizada pelos meninos de G8,
famosa em Campinas (93 km de SP).

A vida na casa, que tem seis quartos e cinco banheiros, é movimentada
-sempre há visita de amigos, intercambistas, familiares e antigos moradores.
“Só no nosso quarteirão tem outras seis repúblicas,
e todo mundo se conhece”, diz Luis Fernando Barbato, 23, outro morador
da G8.

Luis veio de Santa Fé do Sul (623 km de São Paulo) para Campinas,
em 2003, estudar história na Unicamp. Foi morar na república no
início da faculdade e hoje faz pós-graduação.

Além dos atuais moradores, já passaram pela casa pelo menos três
franceses e três espanhóis. “A vida na G8 rendeu frutos para
eles. Um dos franceses que se hospedou aqui desistiu de voltar para a Europa
e se casou com uma garota da Unicamp”, conta Luis.

Marcus França, 19, aluno de administração da PUC-Campinas
e também morador da república, ressalta que sempre há festa
na casa. “Quando é época de Copa do Mundo, pintamos tudo
e recebemos até 400 pessoas para assistir aos jogos.”

A convivência com os amigos, entretanto, nem sempre é harmoniosa,
ressalta o psicoterapeuta Leo Fraiman. “Pode parecer bobo, mas lavar a
louça e dividir contas de vez em quando dá briga.” Segundo
ele, o importante é não se anular nem agredir, mas agir com justiça
e bom humor.

A receita da boa convivência dá certo na república de Carol
Alonso, Stephanie Cima e Morena Brazil, todas com 20 anos e alunas do terceiro
ano de fisioterapia da USP de Ribeirão Preto (a 313 km da capital). “Nós
nos policiamos para pagar as contas em dia e raramente brigamos. Temos muita
abertura para conversar”, diz Carol, que conheceu Stephanie no cursinho.

“Eu conheci as meninas no primeiro ano de USP, e foi daí que nasceu
a nossa república”, diz Morena. As três são de São
Paulo e viajam juntas para a capital nas férias e feriados para visitar
os pais. “Na semana que vem, vai acontecer a recepção aos
calouros, então todos os veteranos estão voltando para Ribeirão
Preto. Voltamos também, não vamos perder as festas”, afirma
Carol.

Além das festas para receber os calouros, a cidade de Ribeirão
para por algumas horas no início do ano para o “trio elétrico
solidário”, organizado pelo centro acadêmico do curso de economia
da USP de lá –a ação arrecada alimentos e roupas para
pessoas carentes.

Outro evento que mobiliza a cidade é a “festa dos bixos”,
que atrai cerca de 5.000 jovens.

É com o dinheiro recebido do estágio e os R$ 300 dados pelo pai
que a estudante Mônica Custódio, 21, aluna do terceiro ano de economia
da Unesp de Araraquara (a 273 km da capital), consegue ir às festas organizadas
pelos alunos. “Tenho um monte de conta para pagar, então, economizo
bastante, mas tento não deixar de me divertir”, diz ela, que, junto
com as cinco amigas que dividem a mesma república, costuma chamar outros
amigos para festas e churrascos na casa. “A gente faz o que pode com o
dinheiro que temos. E acho que amadurecemos por ter essa responsabilidade”,
diz.

Recepção

A população das cidades universitárias tende a receber
bem os estudantes de fora. “Do ponto de vista econômico, recebê-los
é bem positivo”, diz Maria Stella Coutinho de Alcantara Gil, ex-reitora
e atual professora de psicologia da UFSCar. Além de movimentar São
Carlos (a 232 km da capital) economicamente, a escola traz um clima de discussão
acadêmica. “As pessoas falam das nossas pesquisas.”

A UFSCar também se faz presente com a sua programação,
que inclui o Show de Calouros –os ingressantes se apresentam em uma praça.
“A universidade propicia uma troca entre alunos e população.”

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