Home Vestibular Curso pouco concorrido adere mais ao “Enem-vestibular”

Curso pouco concorrido adere mais ao “Enem-vestibular”

by Lucas Gomes

A substituição dos vestibulares pelo Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio), proposta em março pelo Ministério da Educação,
abrangerá cursos pouco concorridos e menos de um quarto das vagas das
universidades federais do país.

Os dados foram tabulados pela Folha, que contatou as 55 instituições
federais do país. Na prática, os candidatos poderão disputar,
prestando só o Enem, 42,7 mil das 183 mil vagas previstas para 2010.

A possibilidade de disputar diversos cursos sem precisar se inscrever em vários
vestibulares é uma das grandes vantagens da mudança, diz o MEC.

O levantamento mostra ainda que 81% dos cursos no sistema tiveram no último
exame relação candidato/vaga inferior à média das
federais (8,8).

Cada instituição tem autonomia para aderir. Muitos reitores dizem
não ter aceitado porque a mudança seria abrupta e ainda há
dúvidas sobre o sistema. A proposta foi lançada em março;
a prova é em outubro, e as inscrições terminam sexta. “Este
primeiro ano é encarado como um teste. No próximo, pode ser que
a adesão aumente ou que haja até a retirada do sistema. Dependerá
do sucesso da prova”, disse o presidente da Andifes (que reúne os
reitores das federais), Alan Barbiero.

“Para o primeiro ano, a adesão está boa”, afirmou o
presidente do Inep (órgão do MEC responsável pelo exame),
Reynaldo Fernandes. “É natural que universidades com grande estrutura
de vestibular tenham receio. Se a prova selecionar bem, a adesão aumentará.”
Fernandes vê como positiva a adesão maciça de cursos pouco
procurados. Com o sistema unificado, sustenta, a concorrência poderá
subir e melhorar a seleção nesses cursos.

A apreensão na rede pode ser exemplificada pela Unifesp (federal de
SP). Para cursos mais recentes, como ciências sociais, o Enem passou a
ser a única forma de seleção. Já para carreiras
tradicionais, como medicina, haverá segunda fase. A instituição
diz que cursos mais concorridos necessitam de avaliação mais “abrangente”.

Para o coordenador da pós-graduação em educação
da USP, Romualdo Portela, a adesão inicial ao projeto “é
baixa, mas não desprezível”. Segundo ele, “o problema
é que tentaram implementar a proposta muito rapidamente”. “Em
geral, aderiram as instituições mais novas, que são mais
frágeis [politicamente] e dependentes do ministério.”

O uso do Enem como única forma de seleção vem sendo tratado
pelo governo Lula como um passo para o fim dos vestibulares, vistos como um
problema para o ensino médio – ao cobrarem assuntos muito específicos,
impedem que os alunos sejam capazes de integrar os conhecimentos.

O Enem cobra menos conteúdo das matérias e mais raciocínio.
Mas, para virar um processo seletivo, teve de ser modificado. O número
de questões subiu de 63 para 180. “É preciso avaliar o impacto
na seleção dos candidatos e no ensino médio. Nada ainda
está claro, é preciso prudência”, disse o coordenador
do grupo de ensino superior da Anped (associação dos pesquisadores
em educação), João Ferreira.

Mesmo se o curso desejado não estiver no sistema unificado do Enem,
em geral, o aluno deve prestar o exame. Isso porque tanto universidades públicas
como particulares podem usá-lo em seu vestibular.

O exame é usado ainda na seleção do ProUni (programa de
governo federal que dá bolsas em faculdades particulares).

Universidades federais e o novo Enem

Aderiram ao Enem como substituto do vestibular

Cinco em MG: Unifal, UFJVM, Ufla, Unifei * e UFSJ **
Três no RS: Ufpel, Unipampa e UFCSPA
Duas em SP: UFABC e Unifesp *
Duas no RJ: UFRRJ e Unirio
Duas em PE: Univasf e UFRPE
Duas na BA: UFRB e UFBA *
Uma em MT: UFMT
Uma no MA: UFMA
Uma no PI: UFPI
Uma no AM: Ufam
Uma no PR: UTFPR
Uma em TO: UFT
Uma em RO: Unir
Uma em RN: Ufersa

Usarão o Enem como primeira fase do vestibular

Cinco em MG: UFU, Ufop, Unifei *, UFSJ ** e UFJF (*)
Uma em SP: Unifesp *
Uma no RJ: UFRJ
Uma em MS: UFMS
Uma no ES: Ufes
Uma na BA: UFBA *
Uma em PE: UFPE

Usarão o Enem para compor a nota do vestibular

Duas em MG: UFV (50%) e UFTM (50% de uma prova)
Uma no RS: Furg (50%)
Uma em SC: UFSC (20%)
Uma em GO: UFG (20% na primeira fase)
Uma no PR: UFPR (10% de uma prova)

* para alguns cursos.
** Serão 10% das vagas pelo sistema unificado; nas demais, o aluno pode
escolher se quer usar como substituto da primeira fase.
(*) opcional.

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