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Economia – A inflação no Brasil e no mundo

by Lucas Gomes

Adormecida
durante uma década, a inflação ameaça o Brasil e
o mundo. As armas para combatê-la são conhecidas. Basta coragem
para usá-las.

Inflação é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado
nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo
da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária
uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos produtos.

Há vários fatores que podem gerar inflação. O aumento
muito grande do preço de um item básico na economia pode contaminar
os demais preços provocando uma alta generalizada. É o caso do
petróleo e da energia elétrica, por exemplo. O excesso de consumo
também provoca inflação, pois os produtos tornam-se escassos
ocasionando aumento de seus preços. Em outra hipótese, se o Governo
gasta mais do que arrecada, e para pagar suas contas emite papel-moeda, provoca
inflação, pois está desvalorizando a moeda, uma vez que
criou dinheiro novo sem lastro, sem garantia, sem que tenha havido criação
de riqueza, de produção. Assim, os bens e serviços continuam
os mesmos, mas o dinheiro em circulação aumenta de volume. Passa-se,
então, a exigir maior quantidade de dinheiro pela mesma quantidade de
produto, o que alguns economistas chamam de dinheiro fraco, dinheiro podre.

O processo inflacionário, quando instalado, é de difícil
controle. Funciona como um círculo vicioso, obrigando a realização
de reajustes periódicos de preços e salários, com o seu
conseqüente agravamento. E quem mais sofre com tudo isso é a camada
mais pobre da população, que não tem como se proteger.
Em épocas de inflação galopante, tivemos no Brasil contas
bancárias com reajustes diários como forma de repor o poder de
compra que o dinheiro perdia de um dia para o outro. Mas as pessoas mais pobres
não tinham (e ainda não têm) acesso a contas bancárias,
não podendo se utilizar desse benefício. E assim, seu dinheiro
valia menos a cada dia.

A Correção Monetária tem o objetivo de minimizar (ou até
neutralizar) as distorções causadas pela inflação
na economia. Com ela, os valores monetários são reajustados com
base na inflação ocorrida no período anterior, calculada
por índices que procuram medir as mudanças que ocorrem nos níveis
de preços de um período para outro. No Brasil, o cálculo
destes índices é feito por entidades credenciadas, como o IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Outras instituições
também têm elaborado estes cálculos, como a FGV – Fundação
Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro; FIPE – Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas e o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Sócio-Econômicos, ambos em São Paulo; o IPEAD
– Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis,
em Belo Horizonte, dentre outros.

A palavra inflação não faz parte do cotidiano dos 50 milhões
de brasileiros com menos de 15 anos de idade, assim como as mudanças
freqüentes do nome do dinheiro brasileiro. Desde que veio ao mundo, esse
contingente demográfico só consumiu e poupou em real, moeda cuja
cédula de mais baixo valor ainda circula desde que foi lançada,
em julho de 1994. Essas pessoas cresceram num ambiente de normalidade monetária.
Já os demais brasileiros ainda registram na memória o poder destruidor
da alta de preços que erodia o poder de compra da moeda e tornava a vida
de todo mundo um inferno. Entre julho de 1974, ano em que o dragão da
inflação nasceu no Brasil, e o lançamento do real, em junho
de 1994, o índice geral de preços da Fundação Getulio
Vargas registrou uma alta de 101 240 982 237 321%. É isto mesmo: cento
e um trilhões e duzentos e quarenta bilhões por cento. Para se
ter uma idéia, se um alfinete comum de aço aumentasse de tamanho
esses mesmos 101,24 trilhões por cento, acabaria por atingir o peso de
mais de 900.000 toneladas – o suficiente para abastecer o mercado interno
nacional por quinze dias. Um litro de água cujo volume crescesse nessa
proporção equivaleria a 1 bilhão de metros cúbicos
– ou toda a água distribuída na Grande São Paulo
em um ano. Um quilo de feijão cujo peso aumentasse em tal proporção
representaria a produção brasileira de 312 anos seguidos.

Pois o monstro da inflação, que parecia derrotado não
só no país, mas no mundo, voltou a assombrar. O sinal de alerta
acaba de ser aceso. Os preços internacionais de produtos básicos
e essenciais – entre eles o petróleo, os metais e os alimentos
– passaram a subir rapidamente, trazendo uma amea-ça não
vista desde as crises do petróleo dos anos 70. Mesmo economias sólidas
e com antecedentes exemplares de disciplina monetária passaram a enfrentar
um inesperado aumento no ritmo de elevação dos preços.
De acordo com estimativas compiladas pela revista inglesa The Economist, dois
terços da população mundial de-verá conviver com
inflação acima de 10% neste ano. A velocidade no reajuste de preços
aumentou em todos os cantos do globo (veja quadro), do Chile à China,
dos Estados Unidos à Austrália. Inesperadamente, a globalização,
que até pouco tempo atrás exportava preços baixos, passou
a disseminar inflação. “É um fogo com o qual não
vale a pena brincar”, alerta Armínio Fraga, ex-presidente do Banco
Central.


O GUARDIÃO DA MOEDA
Henrique Meirelles, presidente do BC:
atuação exemplar, apesar das pressões.

O que explica essa recente escalada dos preços? Os primeiros suspeitos
são os preços das commodities. O produto que mais subiu foi o petróleo.
Há cinco anos, o barril custava menos de 30 dólares. Hoje é
vendido a 130 dólares – o maior valor em termos reais (já
descontada a inflação) desde o segundo choque do petróleo,
em 1979. Os metais e alguns produtos alimentícios também tiveram
altas expressivas, superiores a 100%. Esse fenômeno deve-se ao forte crescimento
da economia internacional dos últimos anos, especialmente na China e na
Índia. Em especial, à incorporação de milhões
de novos consumidores ao mercado planetário. De acordo com estimativas
do Banco Mundial, a aceleração do crescimento global retirou 500
milhões de pessoas da miséria e pobreza nos últimos quinze
anos – em outras palavras, o avanço do capitalismo tirou da sarjeta
praticamente uma pessoa por segundo. É gente que passou a comer mais proteína
e começou a adquirir casas, carros e eletrônicos. A alta nas commodities,
portanto, deve ser entendida como um reflexo do crescimento expressivo no consumo
mundial, decorrente de um período de enriquecimento sem paralelo na história.
No passado, economistas pregavam que não havia remédio contra
um aumento inflacionário originado em outro canto do mundo. Segundo eles,
seria desastroso elevar os juros de um país, e assim conter o consumo
interno, para enfrentar a alta de uma mercadoria cujo preço é
definido mundialmente. Ao final desse processo, argumentavam, o remédio
mataria o doente sem que a doença fosse debelada. Essa aparente lógica
escondia uma verdade inconveniente. Altas eventuais de um produto ou de outro,
como as das commodities, podem transformar-se em reajustes generalizados se
os governos gastarem em excesso e as autoridades monetárias atuarem com
frouxidão. Como afirmam os economistas ouvidos por VEJA, cidadãos
e empresas pressionam por reajustes de salários e preços preventivamente
sempre que pressentem um descontrole inflacionário. Por isso, um banco
central zeloso de suas funções não deve deixar nunca que
uma economia superaqueça e avance acima de suas possibilidades e que
uma alta localizada de preços contamine os índices de inflação.

Felizmente o debate atual não contempla loucuras. Economistas de todos
os espectros ideológicos concordam que a inflação é
uma desgraça e precisa ser combatida. A diferença reside na ênfase
que se deve dar aos juros, de um lado, ou ao corte de gastos públicos,
de outro, como o instrumento mais adequado para fazê-lo – um avanço
extraordinário, considerando que, até pouco tempo atrás,
professores universitários enalteciam supostas vantagens da inflação.
“O perigo da inflação existe, mas a compreensão do
presidente Lula quanto à importância de mantê-la sob controle
assegura que as medidas necessárias serão tomadas”, diz Luciano
Coutinho, presidente do BNDES e um dos principais conselheiros econômicos
do governo.


DE VOLTA AOS 70
Posto americano fecha por falta de gasolina em 1973:
petróleo é
novamente o vilão.

A equipe econômica brasileira, diante do histórico inflacionário
do país, tem se comportado exemplarmente. Em especial, o presidente do
BC, Henrique Meirelles, que, a despeito de quase todos os prognósticos
e pressões políticas que sofreu desde 2003, cumpriu com perfeição
todas as metas que lhe foram conferidas pelo presidente da República. Seu
bom desempenho ilustra as qualidades de um BC autônomo, alheio a interesses
políticos ou eleitorais. Somente países institucionalmente frágeis
permitem que a condução da política monetária seja
influenciada pela agenda política ou eleitoral do governante de plantão.
Na última sexta-feira, o governo reforçou seu arsenal contra a inflação
e saiu em socorro a Meirelles. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou
que o governo fará um superávit primário adicional de 0,5%
do produto interno bruto (PIB) neste ano. Isso significa que o governo vai deixar
de gastar mais 13 bilhões de reais. A poupança extra representa
menos dinheiro na praça, o que ajudará o Banco Central no combate
à inflação. “O gasto elevado induz o Banco Central a
fazer uma política monetária conservadora. Com as medidas que estamos
anunciando agora, passaremos a exigir menos dela”, diz Mantega. Ou seja,
a política monetária e a fiscal vão trabalhar de mãos
dadas para conter a inflação. “A iniciativa de incrementar
a poupança do setor público é positiva”, agradece Meirelles.
Na última década, os bancos centrais tiveram a sua tarefa facilitada
graças a uma combinação rara de fatos favoráveis.
Entre eles a revolução tecnológica e a transformação
da China numa economia de mercado. O aumento da produtividade decorrente desses
elementos permitiu que os juros, em quase todo o mundo, permanecessem em níveis
historicamente baixos, sem que a inflação se tornasse um problema.
Mas há indícios de que essa janela de oportunidade tenha se estreitado,
como já alertava Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, o
banco central americano, em entrevista a VEJA no ano passado. Isso porque os
ganhos tecnológicos já foram incorporados plenamente, e os preços
dos produtos exportados pela China vêm subindo gradualmente. A partir
de agora, os países terão de retirar do armário suas armas
de combate à inflação. A história ensina que esse
monstro escapa ao controle sem um ataque fulminante que combine austeridade
nas contas públicas e vigilância monetária.

A maior parte das nações civilizadas parece ter apreendido que,
com inflação, não se brinca. Os brasileiros adultos sabem
quanto ela pode erodir a vida cotidiana e os sonhos e projetos de cada um. VEJA
localizou cinco cidadãos que conheceram de perto essa chaga destruidora
de riqueza. Quando ilustraram reportagens da revista, em momentos distintos
ao longo das últimas duas décadas, sofriam na pele os efeitos
catastróficos da perda acelerada do poder de compra da moeda. Seus novos
relatos, que acompanham estas páginas, mostram quão essencial
é a estabilidade monetária a uma geração que começa
agora a sua carreira profissional e teve a felicidade de nunca ter experimentado
esse desarranjo financeiro. Na sexta-feira, o presidente Lula disse que faria
o que fosse preciso para evitar a volta da inflação. “Quando
ela voltar, quem vai quebrar é o bolso do povo pobre, trabalhador. Nós,
do governo, vamos fazer o sacrifício que tivermos de fazer para manter
uma política fiscal responsável.” É o santo guerreiro
contra o dragão da maldade.

Receitas para uma mesma doença
Economistas desenvolvimentistas e liberais concordam em um ponto: a inflação
é uma desgraça. Observe o que dizem a respeito:

Paulo
Nogueira Batista

Diretor do Brasil e de outros oito países no Fundo Monetário Internacional

Temos um passado inflacionário tenebroso e não podemos descuidar.
A inflação está acelerando em quase todos os 185 países-membros
do FMI. No caso do Brasil, existe um componente cuja influência é
difícil de avaliar, que é o aumento de demanda. É importante
que a solução não se dê com o sacrifício do
crescimento que o Brasil retomou. A taxa de juro não pode ser usada abusivamente.
O ideal é ter disciplina fiscal e adotar medidas pontuais para controlar
o crédito. Quando conveniente, lançar mão de medidas de
redução de impostos ou barreiras à importação
para desafogar pressões localizadas de preço.

Luiz
Gonzaga Belluzzo

Professor da Unicamp

Houve uma mudança no patamar inflacionário mundial por causa
do choque do preço das commodities. Mas não imagino que se trata
da volta das inflações elevadas registradas nos anos 70 e 80.
O mundo provavelmente vai conviver com uma inflação mais alta
e um crescimento menor. No Brasil, o choque foi agravado pela demanda interna
aquecida. Aqui os instrumentos de controle de preços são o aumento
do superávit primário e um cuidado maior na política de
crédito.

Delfim
Netto

Ex-ministro da Fazenda

É possível estabilizar a expectativa inflacionária somente
com os juros do Banco Central? Sim, mas o custo social seria gigantesco e desastroso.
O caminho mais inteligente, que manterá o ritmo de crescimento, é
reduzir o gasto público. Quem produz crescimento é o setor privado.
O setor público produz confusão. Um gasto público menor
reduziria o excesso de demanda e permitiria ao Banco Central manter juros razoáveis.

 

Armínio
Fraga

Ex-presidente do Banco Central

Nós, brasileiros, conhecemos este filme: a inflação só
sobe, a confusão aumenta, o crescimento cai, e perdem os mais pobres.
Nós somos alcoólatras monetários em remissão. Não
vale a pena brincar com fogo. Todo o apoio ao Banco Central, inclusive fiscal!
No caso atual, é natural que, com a subida dos preços do petróleo
e das commodities, algum aumento temporário da inflação
ocorra. Mas o BC tem de zelar para que a inflação não se
perpetue.

José
Júlio Senna

Ex-diretor do Banco Central

Uma eventual inflação de 6% ao ano no Brasil não tira
a economia dos trilhos, mas produz transtornos. Não é o fim do
mundo, mas também não é nada confortável. Ela foi
provocada por uma forte expansão de gastos públicos e privados,
sem resposta proporcional da produção. Ou seja, tem demanda demais
e a oferta está com o freio de mão puxado. Tem areia na engrenagem
produtiva do Brasil. E não se pode dizer que as pessoas estejam consumindo
exageradamente.

Carlos
Langoni

Ex-presidente do Banco Central

Não há risco de uma explosão inflacionária, mas
sim de uma aceleração. Ela ocorre por uma combinação
de fatores, que inclui aumento da demanda por commodities agrícolas,
crescimento da produção de biocombustíveis na Europa e
do etanol nos Estados Unidos. Tudo isso foi ainda agravado pela subida do preço
do petróleo, que chegou a 98% no último ano. Não há
outra saída senão promovermos um aperto fiscal e monetário.
Foi um acerto do Banco Central voltar a elevar a Selic, que é o instrumento
mais eficaz para conter a demanda.

Edward
Prescott

Prêmio Nobel de Economia

Uma das várias diferenças entre a inflação da
década de 70 e a atual ameaça inflacionária é demográfica.
A idade média dos americanos era de 20 e poucos anos. Agora, supera os
40. Pessoas mais idosas toleram menos a inflação. E não
votam em políticos que dão combustível aos preços.
Além disso, os bancos centrais modernos, dotados de metas de inflação,
como no Brasil, têm conseguido manter preços baixos e estáveis.
O governo brasileiro não pode mais usar a máquina de imprimir
dinheiro do banco central.

Antonio
Palocci

Ex-ministro da Fazenda

“Existe uma ameaça de inflação em todos os países
do mundo, não só no Brasil. Mas não é por isso que
ela não deve ser combatida. Ao contrário, a política monetária
precisa ser mais rigorosa, e os aumentos de juros deverão acontecer não
só no Brasil como em outros países. Sobre o aumento do superávit
primário, creio que é válido se não afetar os investimentos.”

 

Alexandre
Schwartsman

Ex-diretor do BC

Não é verdade que a recente aceleração dos preços
no Brasil resulte de uma “inflação importada” e que
não há nada que as autoridades possam fazer. Em primeiro lugar,
porque os preços de produtos e serviços que não sofrem
competição externa também aumentam. Além disso,
os produtos importados ficaram mais baratos com a apreciação do
real. E esse barateamento mais do que compensou o impacto da inflação
internacional nos preços domésticos. O Brasil não é
uma vítima inocente contagiada pela inflação mundial. O
BC pode, sim, combatê-la.

A inflação no Brasil levou à criação de
muitos índices diferentes para medir a inflação e corrigir
a desvalorização da moeda. Entenda a diferença entre os
principais índices de inflação:

IGP Índice Geral de Preços, calculado
pela Fundação Getúlio Vargas. É uma média
ponderada do índice de preços no atacado (IPA), com peso 6;
de preços ao consumidor (IPC) no Rio e SP, com peso 3; e do custo
da construção civil (INCC), com peso 1. Usado em contratos
de prazo mais longo, como aluguel.
IGP-DI O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna,
da FGV, reflete as variações de preços de todo o mês
de referência. Ou seja, do dia 1 ao 30 de cada mês. Ele é
formado pelo IPA (Índice de Preços por Atacado), IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) e INCC (Índice Nacional do Custo
da Construção), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente.
O indicador apura as variações de preços de matérias-primas
agrícolas e industriais no atacado e de bens e serviços finais
no consumo.
IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado, também
da FGV. Metodologia igual à do IGP-DI, mas pesquisado entre os dias
21 de um mês e 20 do seguinte. O IGP tradicional abrange o mês
fechado. O IGP-M é elaborado para contratos do mercado financeiro.
IGP-10 Índice Geral de Preços 10, também
da FGV e elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M. A única
diferença é o período de coleta de preços: entre
o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte.
IPC-RJ Considera a variação dos preços na cidade do Rio
de Janeiro. É calculado mensalmente pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas) e toma por base os gastos de famílias com
renda de um a 33 salários mínimos IPCA.
IPC-Fipe Índice de Preços ao Consumidor da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas
, da USP, pesquisado no
município de São Paulo. Reflete o custo de vida de famílias
com renda de 1 a 20 salários mínimos. Divulga também
taxas quadrissemanais.
ICV-Dieese Índice do Custo de Vida do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos
, também
medido na cidade de São Paulo. Reflete o custo de vida de famílias
com renda média de R$ 2.800 (há também índices
para a baixa renda e a intermediária)
INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor,
média do custo de vida nas 11 principais regiões metropolitanas
do país para famílias com renda de 1 até 8 salários
mínimos, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo, também
do IBGE, calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo
o custo de vida para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários
mínimos. A pesquisa é feita nas mesmas 11 regiões metropolitanas.
Foi escolhido como alvo das metas de inflação (“inflation
targeting”) no Brasil.
INCC Índice Nacional do Custo da Construção,
um dos componentes das três versões do IGP, o de menor peso.
Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção
e da mão-de-obra no setor. Utilizado em financiamento direto de construtoras/incorporadoras.
CUB Custo Unitário Básico, índice que
reflete o ritmo dos preços de materiais de construção
e da mão-de-obra no setor. Calculado por sindicatos estaduais da
indústria da construção, chamados de Sinduscon, e usado
em financiamentos de imóveis.

TIPOS DE INFLAÇÃO

Considera-se quatro tipos principais:

– Inflação de demanda: refere-se ao excesso
de demanda agregada em relação à produção
disponível de bens e serviços na economia. É causada pelo
crescimento dos meios de pagamento, que não é acompanhado pelo
crescimento da produção. Ocorre apenas quando a economia está
próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar substancialmente
a oferta de bens e serviços a curto prazo.

– Inflação de custos: tem suas causas nas condições
de oferta de bens e serviços na economia. O nível da demanda permanece
o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam, levando à
retração da oferta e provocando um aumento dos preços de
mercado.

– Inflação inercial: é a aquela em que
a inflação presente é uma função da inflação
passada. Se deve à inércia inflacionária, que é
a resistência que os preços de uma economia oferecem às
políticas de estabilização que atacam as causa primárias
da inflação. Seu grande vilão é a “indexação”,
que é o reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação
do período passado.

– Inflação estrutural: a corrente estruturalista
supunha que a inflação em países em vias de desenvolvimento
é essencialmente causada por pressões de custos, derivados de
questões estruturais como a agrícola e a de comércio internacional.

OUTRAS INFORMAÇÕES

– O contrário de inflação, ou seja, a redução
do nível de preços, chama-se deflação.
– Em sua forma extrema, isto é, quando se encontra fora de controle e
com aumentos de preços absurdos, a inflação é chamada
de hiperinflação.
– Em períodos de inflação alta, em que os preços
chegam a sofrer reajustes diários, a população não
retém dinheiro, pois ele se desvaloriza muito rápido. Tão
logo recebem o dinheiro as pessoas compram mercadorias, pois se deixarem para
o dia seguinte não conseguirão comprar tudo o que conseguem comprar
hoje.
– O caso mais grave de hiperinflação que se tem notícia
ocorreu na Alemanha, após a primeira guerra mundial, que chegou a acusar
um trilhão por cento entre agosto de 1922 e novembro de 1923.
– Dos anos 80 até início dos 90 a inflação era o
principal problema do Brasil. Salários eram corroídos por uma
alta generalizada de preços, cujo índice chegou a atingir 80%
ao mês. Em 1994, com a implantação do Plano Real, conseguiu-se
domar a inflação, fazendo com que os brasileiros desfrutassem
de estabilidade econômica. Hoje, porém, uma possível volta
da inflação tem deixado o governo brasileiro em alerta. Para especialistas
em educação e em exames vestibulares, o tema pode atrair a atenção
das bancas universitárias e aparecer nas provas em diferentes formas.

Inflação sobe e fica acima da previsão: 0,79%

Novos números divulgados confirmaram a ameaça crescente da inflação
no país. O indicador oficial do governo, o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cresceu em maio e ficou acima das
previsões dos especialistas. O mesmo ocorreu com o Índice Geral
de Preços do Mercado (IGP-M) em sua primeira leitura de junho. Nos dois
casos, o aumento da inflação é atribuído à
alta dos preços dos alimentos.

A inflação pelo IPCA avançou 0,79% em maio, ante alta
de 0,55% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Economistas consultados pela agência de notícias Reuters
esperavam inflação de 0,66%, de acordo com a mediana de 25 estimativas,
que ficaram entre 0,50 e 0,71%. No ano, o IPCA acumulou alta de 2,88% e nos
últimos 12 meses, de 5,58%. O forte aumento dos preços dos alimentos
é o principal motivo da alta.

No quesito alimentos e bebidas, a inflação foi de 1,95% no mês
passado. Isso representa mais da metade (54%) do IPCA do mês. Em maio
do ano passado, o IPCA foi de apenas 0,28%. O índice é usado pelo
governo para definir as metas anuais de inflação (4,5% ao ano
para 2008). Os analistas de mercado consultados pelo Banco Central em sua pesquisa
semanal Focus (feita no dia 6 de maio) previam que o IPCA do mês seria
de apenas 0,63%.

Junho – A inflação pelo IGP-M também acelerou, superando
as previsões dos analistas. Na primeira leitura de junho, a alta foi
de 1,97%, contra elevação de 1,36% em igual período de
maio, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quarta.
De acordo com a mediana de 10 analistas consultados pela Reuters, a previsão
era de alta de apenas 1,15% na primeira prévia deste mês. As estimativas
variaram de 0,72% a 1,60%, resultando em média de 1,14%.

Entre os componentes do IGP-M, o Índice de Preços por Atacado
(IPA) teve alta de 2,35% ante avanço de 1,82% na primeira leitura do
mês anterior. Os produtos agropecuários saltaram 1,82%, ante alta
de 1,27% na abertura do mês passado. Os industriais mostraram avanço
de 2,55%, também maior ante os 2,04% no mesmo período do mês
anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,60%,
depois de avançar 0,27% no dado anterior.

Fontes: Revista Veja | Jornal A Folha de S. Paulo | Jornal
de Itauna

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