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Brasil tem ensino mais desigual entre 8 países, diz Unesco

by Lucas Gomes

As diferenças regionais brasileiras na educação começam
no acesso a recursos financeiros e materiais. Um estudo do Instituto de Estatísticas
Educacionais da Organização das Nações Unidas para
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostrou que há
uma variação desfavorável de 34,7% nos recursos disponíveis
para escolas das Regiões Norte e Nordeste em confronto com o Sul e Sudeste.
É a maior desigualdade entre os oito países com dados comparáveis.

Chamado “Um olhar dentro das escolas primárias”, o relatório
da Unesco comparou dados de 11 nações em desenvolvimento – Brasil,
Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Tunísia, Malásia, Índia,
Sri Lanka e Filipinas -, que universalizaram o acesso ao ensino primário.
No caso do Brasil, até a 8ª série do ensino fundamental.
Por meio de entrevistas com alunos, professores e diretores, a Unesco traçou
um perfil da situação dos colégios em si, com foco em recursos
que ajudam a melhorar a qualidade.

O perfil que surgiu dos 11 países é, em mais de uma forma, semelhante.
Há falta de professores, material didático, infra-estrutura geral.
O Brasil destaca-se em dois pontos: além da desigualdade de acesso às
verbas, tem a maior repetência escolar entre as 11 nações:
18,6% dos estudantes primários brasileiros repetem de ano. O segundo
lugar, Peru, tem apenas 8,8%. A média entre os 11 é de 6,3% de
repetência.

A desigualdade de acesso a recursos é um dos pontos que o relatório
chama a atenção para o país. “Normalmente, quando
a desigualdade de acesso entre as regiões passa dos 25%, autoridades
nacionais e regionais precisam trabalhar juntas para melhorar a eqüidade”,
dizem os autores.

O perfil da educação brasileira traçado pela pesquisa
chama atenção para as deficiências materiais, especialmente
nas áreas rurais. “Pelo menos a metade das crianças que estudam
em escolas rurais está em prédios em estado precário. Nas
cidades maiores, são 26% dos alunos”, diz o relatório. “Mais
da metade dos estudantes estão em escolas que não têm um
kit de primeiros socorros, uma sala audiovisual, laboratório de ciências,
microscópio, fax ou computador.”

Primário

O levantamento também mostra que o Brasil ainda tem uma carga horária
baixa para os estudantes do primário, especialmente se comparado com
Chile, Índia e Filipinas. Os chilenos – que têm os melhores resultados
educacionais recentes na América do Sul – costumam ficar 1,26 mil horas
por ano em sala de aula. Já os brasileiros, 869 horas, em média.
Mas, no topo, não passam de mil horas, quando, no Chile, se chega a 1,6
mil.

A conclusão geral do trabalho não é ainda muito animadora
para nenhum dos 11 países pesquisados. Há dificuldades de estrutura
e uma falta grave de professores. As desigualdades de qualidade entre escolas,
especialmente urbanas e rurais, também chamam a atenção
em todos eles.

“De um lado, nós vemos que, em algumas escolas, faltam até
mesmo os elementos mais básicos, como água corrente e eletricidade”,
disse o diretor do Instituto de Estatísticas da Unesco, Hendrik van der
Pol, ao analisar o material divulgado.

A Unesco chamou a atenção para o fato de que nenhum dos 11 países
pode dizer que tinha uma biblioteca em cada escola. Na Argentina, Malásia,
Brasil, Tunísia e Uruguai, dois terços dos alunos estudavam em
escolas em que a maioria dos professores ensinava ali há mais de cinco
anos, o que é considerado um índice muito alto de rotatividade.
No Brasil, foi indicado que havia um déficit de quase 40% de professores
efetivos.

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