Home Vestibular Calouros enfrentam trotes violentos e ‘regados’ a álcool nos primeiros dias de aula

Calouros enfrentam trotes violentos e ‘regados’ a álcool nos primeiros dias de aula

by Lucas Gomes

Depois de um ano de muito estudo para ser aprovado no vestibular, os universitários
comemoram a disputada vaga numa faculdade. E a forma mais tradicional de dar
boas vindas aos novos alunos é com o famoso trote – aquela brincadeira
entre veteranos e calouros. O problema, alertam especialistas, é quando
esta celebração passa dos limites.

Conforme noticiou o Jornal Hoje nesta semana, muitos veteranos se aproveitam
do momento de descontração e do poder que possuem sobre os calouros
para organizar trotes violentos e com excesso de bebibas alcóolicas.

Uma equipe do telejornal da TV Globo flagrou alunos da PUC-SP pedindo dinheiro
no farol e bebendo uísque de manhã cedo. Alguns estudantes aproveitam
o momento pra fumar maconha em frente à universidade. O descontrole é
tão grande que o que era para ser um momento de festa acabou em briga
e um dos alunos bateu com a cabeça na no chão e ainda levou um
chute no rosto.

Já na Universidade de São Paulo (USP), os alunos alugaram dois
ônibus para levar calouros para uma praça perto da universidade.
As imagens divulgadas mostraram que os jovens exageraram da bebida para comemorar.

– É pra deixar eles (os calouros) bêbados. Beber é uma
coisa que se aprende na faculdade – brinca um dos veteranos.

Para o psicólogo Ari Rehfeld, o trote humilhante só serve para
estimular mais violência.

– Isso de algum modo é reproduzido porque aquele que o faz também
passou pela mesma situação. Muitas vezes o trote é muito
violento e exige a submissão. Realmente, é uma prática
que os professores e as reitorias tendem a condenar – diz

O excesso de brincadeiras violentas e de mau gosto são tão comuns
nos trotes que causam medo em alguns calouros antes mesmo deles pisarem na universidade.

– Tomei calmante antes de vir, pois estava com muito medo. Mas aí o
veterano chegou, pintou um pouco a minha cara e a gente foi pedir dinheiro no
farol. Foi bem mais leve do que eu pensei – conta Pedro Felipe Azemberg, que
passou para História na PUC-SP

– Eu pensei que ia ser pesado, mas foi super tranqüilo, rápido
– completa Andréa Filgueiras, que também é caloura do curso
de História da universidade

Na opinião do professor de psicologia da PUC-SP, Hélio Deliberador,
o trote pode ter duas caras:

– Por um lado, o trote faz bem: é a integração a uma
nova realidade, a um novo grupo, um novo padrão de relacionamento. O
trote é um mal quando ele se torna violento, leva ao constrangimento,
envolve o excesso de ingestão de bebida alcoólica e causa problemas
que a sociedade já conhece. Já houve situações de
trotes que descambaram para a violência nos âmbitos da universidade
e foram objeto de uma apuração, resultando na expulsão
ou suspensão de alunos – afirma Deliberador.

Fonte: Jornal O Globo

Posts Relacionados