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Especialistas analisam páginas de instituições de ensino

by Lucas Gomes

Pesquisar cursos e preços, conferir as instalações, ficar
por dentro das palestras, ver as notas, mandar e-mails. Esses são alguns
dos serviços que o aluno pode encontrar no site de uma instituição
de ensino superior. A ferramenta é considerada de extrema importância
por educadores e especialistas em marketing educacional não só
pelo conteúdo direcionado ao aluno, mas também para atrair vestibulandos,
professores, pesquisadores e parcerias. Para avaliar o desempenho das instituições
de ensino na internet, a revista Ensino Superior pesquisou 20 endereços
eletrônicos de instituições – públicas, privadas,
nacionais e estrangeiras -, e os submeteu à análise de profissionais
especializados. Designers e arquitetos da informação destacaram
pontos negativos e positivos dos portais.

A análise dos sites pelos especialistas ouvidos pela reportagem mostra
que a maioria atinge um certo equilíbrio entre erros e acertos, mas ainda
tropeça em itens fundamentais. Dos 20 sites pesquisados, apenas nove
apresentam uma característica que os profissionais da web consideram
fundamental: uma estrutura simples e eficiente. De acordo com André Leme,
professor de desenvolvimento multimídia da Faculdade IBTA em Campinas,
as páginas leves têm inúmeras vantagens. “Elas favorecem
a impressão e envio por e-mail, além disso, estão em melhores
posições nos mecanismos de busca quando os usuários as
pesquisarem por palavras-chave”, conta.

O conteúdo dos sites é um dos principais elementos para atrair
alunos. As informações devem ser claras e organizadas, para que
o estudante possa visualizar tudo da forma correta e, assim, tomar decisões
importantes, como a escolha da carreira, por exemplo. Isso faz com que a faculdade
ganhe credibilidade e que as pessoas sintam-se seguras em estudar ali. Dados
da pesquisa apontam que o conteúdo de 12 páginas é completo
e atual, porém, entre elas, cinco instituições não
se preocuparam em disponibilizar as informações de maneira clara.

Os visitantes dos portais só irão tomar uma decisão se
encontrarem elementos atrativos, de acordo com o arquiteto da informação
Rogério Pereira. Para ele, a atratividade é uma das principais
características, pois uma página eletrônica tem de chamar
a atenção pela qualidade das imagens e do conteúdo. Entre
os sites analisados, 11 possuem elementos que atraem o público, como
boas imagens, promoções e animações.

Páginas modernas, com recursos tecnológicos, também se
encaixam no quesito destacado pelos designers. Porém, alguns acreditam
que três instituições pecam pelo exagero. O visual da página
é uma característica importante para atrair visitantes. Um site
poluído é uma das principais falhas das universidades e prejudica
a navegação. Um grande volume de informação pode
se tornar um obstáculo ao usuário. Há a necessidade de
uma estrutura clara e funcional. Banners ou animações podem existir,
mas é preciso ficar atento para que o site não se transforme em
um “cassino”. O designer responsável pelo desenvolvimento do
portal da Universidade de São Paulo (USP), Paulino Michelazzo, também
é contra sites muito carregados visualmente. “A página deve
ser uma vitrine da instituição e não um show pirotécnico”,
diz.

Se o visual de um site é bom, sem exageros, a instituição
prestou atenção em um quesito que é muito importante: a
usabilidade. É preciso entender que a página de uma universidade
deve seguir a linha de um portal, no qual os alunos buscam apenas por informações.
Deve-se fazer com que ele consiga os dados com a maior facilidade possível,
isso é usabilidade. Dos 20 sites analisados, os especialistas apontaram
que seis tiraram nota dez no quesito.

Além do visual das páginas, os designers avaliaram uma questão
importante que está presente em 12 portais. A interatividade é
um ponto que deve ser levado em consideração, pois aproxima professores
e alunos do público em geral.

Um exemplo de instituição que apostou nessa característica
é a Universidade de Brasília (UnB). O portal possui um blog no
qual pesquisadores e alunos escrevem artigos. A iniciativa é de extrema
valia.

Se a interatividade é uma característica que pode atrair visitantes
para os portais, a preocupação em disponibilizar informações
básicas (telefone para contato, preço dos cursos e e-mail) em
um local de fácil acesso é essencial. No site da Universidade
Anhembi Morumbi, situada em São Paulo, o visitante não encontra
problemas. Dados como telefone e endereço, por exemplo, podem ser encontrados
facilmente. Os números da pesquisa comprovam que as instituições
analisadas se preocuparam com a questão. Em 18 delas, o visitante não
tem dificuldades para encontrar as informações.

No entanto, se nessa categoria o número é alto, na questão
da acessibilidade apenas duas instituições apresentaram elementos
que auxiliam os portadores de algum tipo de deficiência a navegar pelos
sites. Essa questão é cada vez mais uma realidade, as universidades
têm de olhar para isso. O Decreto-lei nº 5296 (2/12/2004) estabelece
que os portais sob administração do poder público devem
ser acessíveis a portadores de deficiências. Nos Estados Unidos,
por exemplo, essa preocupação já é freqüente
nos projetos de páginas eletrônicas das empresas privadas.

Não se pode esquecer as dificuldades das pessoas. Assim como em qualquer
ambiente, os sites devem ter elementos que garantam o acesso a todos os públicos
e o respeito é fundamental para que isso aconteça.

Para proporcionar um trânsito livre ao usuário, os designers devem
estar atentos a uma questão que pode ameaçar a quantidade de “cliques”
de um site, que é a navegabilidade. Se uma página apresenta dificuldades
para o usuário, ele irá desistir e fechar a janela rapidamente.
A navegabilidade é o principal ponto a ser pensado no momento da criação
de uma página eletrônica. Por exemplo, não há problemas
no site da Universidade Federal do Piauí, que é um exemplo de
boa navegabilidade. Sempre à mão, as opções levam
o usuário para todas as áreas disponíveis de forma simples
e rápida.

Segundo a análise, oito dos 20 sites avaliados possuem um ótimo
conteúdo, mas não se preocupam em oferecer boas condições
de navegação aos usuários. Um exemplo é que, em
algumas páginas, o visitante clica em botões e é enviado
para outras que não seguem a identidade gráfica da principal.
Se cada página possuir um layout diferente, o usuário ficará
confuso. O ideal é que todas as seções sigam o mesmo modelo
visual e de arquitetura da informação.

A navegabilidade de um site é prejudicada quando os menus de acesso
são apresentados somente na página principal e mudam de contexto
quando são acessadas outras, como notícias, por exemplo. Isso
obriga o visitante a retornar à página principal para acessar
outras opções.

A preocupação em desenvolver um site voltado para o público
da instituição também é um ponto positivo. Emmanuel
Publio Dias, diretor de marketing e novos negócios da Escola Superior
de Propaganda e Marketing (ESPM), explica que o site da instituição
é diferente dos portais das outras universidades, pois foi pensado exclusivamente
para atender o público da escola. “Procuramos criar um ambiente
de relacionamento e comunicação que tem a ver apenas com a ESPM,
além de oferecer funcionalidades exclusivas. O site é o principal
ponto de contato com os alunos, além de operacionalizar todo o processo
de matrículas, tesouraria, secretaria e boa parte das atividades acadêmicas”,
afirma.

Sônia Simões, diretora-executiva da Humus Consultoria, acredita
que as instituições de ensino superior devem oferecer comunicações
personalizadas para cada tipo de público. “São estudantes
em potencial, alunos atuais ou antigos, docentes e empresas que navegam pelos
sites, as universidades têm de estar atentas a isso.”

Na Faculdade IBTA houve um planejamento para a remodelação do
site. A equipe de marketing da faculdade avaliou o portal durante um ano para
identificar os pontos positivos e os que poderiam ser melhorados. “Conseguimos
analisar desde os dados mais simples (número de visitantes e tempo de
uso, entre outros), até os mais complexos, como perfil dos usuários
e páginas que possuíam o maior poder de convencimento”, descreve
Daniel Pedrino, coordenador de marketing da faculdade. Após o mapeamento
e a renovação do portal, foi percebido um aumento de 30% nas inscrições
para o vestibular. “O site é um canal de comunicação
único e diferente das outras mídias. Ele é mensurável
(conseguimos mapear o uso), ajuda a construir a marca e atinge os consumidores
em todos os locais do Brasil”, comemora.

As páginas de instituições públicas e privadas
têm objetivos distintos. As públicas utilizam seus portais para
apresentarem como investem os recursos públicos empregados, além
de disponibilizar as pesquisas realizadas. No caso das particulares, os portais
têm a função de exibir os diferenciais das instituições
e atrair novos alunos.

Porém, alguns erros foram notados, como o acesso às páginas,
que não acompanham o caminho que o visitante faz dentro do portal. Entre
os cinco sites de instituições públicas pesquisados, três
apresentaram o problema. Esses defeitos certamente seriam resolvidos com uma
ferramenta de gestão de conteúdo ou ainda com o monitoramento
de toda a estrutura de links do website.

Desempenho equilibrado

Entre as 20 páginas de internet pesquisadas pela revista Ensino
Superior
, a maioria atende aos itens básicos para a construção
de um bom site. Em compensação, acessibilidade ainda é
o requisito menos atendido pelas instituições.

Item Número de instituições
Informação de serviços 18
Modernidade 17
Conteúdo atualizado 12
Navegabilidade 12
Interatividade 12
Atratividade 11
Simplicidade e eficiência 9
Usabilidade 6
Acessibilidade 2

Conheça o portal “perfeito”

Para o designer responsável pelo desenvolvimento do site da Universidade
de São Paulo (USP), Paulino Michelazzo, o portal ideal já existe:
é o do Massachusetts Institute of Technology (MIT).”O site é
rápido, limpo e eficiente”, ressalta. O portal é o número
1 do ranking da Webometrics, iniciativa da Cybermetrics Lab, grupo estatal de
pesquisa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), com 126
centros e institutos distribuídos pela Espanha. O ranking foi criado
para promover as publicações na web, além de incentivar
o acesso eletrônico a pesquisas científicas e outros materiais
acadêmicos. A análise não foi baseada apenas no número
de visitas ou design das páginas; a Webometrics avaliou a visibilidade
e o desempenho global de 15 mil sites de instituições de ensino
superior do mundo inteiro. As universidades brasileiras aparecem na lista algumas
vezes. Entre elas está a Usp (114° lugar), a Universidade Estadual
de Campinas (197° lugar) e a Universidade Federal de Santa Catarina (234°
lugar), entre outras. Na análise dos portais da América Latina,
a Universidade Nacional Autônoma do México aparece em primeiro
lugar, seguida pela USP.

Estar na lista dos melhores portais do mundo é um importante passo para
atrair novos alunos e um incentivo para que as universidades busquem sites de
qualidade. Durante muito tempo as universidades os encaravam como um meio de
informação secundário e seus sites eram apenas acessórios
da sua estratégia de comunicação principal. Hoje, isso
mudou, a web é cada vez mais importante em qualquer tipo de negócio
e pode fazer a diferença na hora de escolher a faculdade.

Fonte: Revista Ensino Superior

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