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Internet ainda é pouco usada em salas de aula do país

by Lucas Gomes

No Brasil, cerca de 50% dos professores não utilizam nem recomendam
a internet como recurso útil para os estudos. Na América Latina,
o percentual cai para 44%. Os dados são de pesquisa realizada pela Universidade
de Navarra e pela Fundação Telefônica, com 25 mil estudantes
de 10 a 18 anos da América Latina.

Apesar de a internet ser pouco aproveitada como ferramenta de estudo, a escola
ainda é o lugar mais habitual para a navegação pela rede
(63%). No entanto, apenas 1 em cada 10 jovens afirmou ter aprendido a usar a
internet graças a um de seus professores. A maioria dos brasileiros disse
ter aprendido sozinho (60%) a navegar pela web, tendência também
de países como o Chile e a Argentina.

O país é o primeiro em presença da rede nas casas dos
adolescentes (58%) e o segundo em lares com crianças (46%). No entanto,
46% dos pais brasileiros não têm qualquer controle sobre o que
os filhos acessam. Como consequência, o reconhecimento dos jovens sobre
a inconveniência de dar informações pessoais, comprar ou
preencher questionários na internet está abaixo da média
dos demais países.

Os brasileiros se destacam pela produção de blogs e sites (19,9%
mantém conteúdo na internet, contra média de 9,1%) e pelo
interesse por notícias (44%, contra média de 24%). A pesquisadora
Charo Sábada Chalezquer, da Universidade de Navarra, afirma que um dos
fatores que explicam o alto interesse por dos jovens por informação
se deve ao alto grau de desenvolvimento dos meios de comunicação
do país.

Uma das conclusões da pesquisa é a de que o uso da internet na
escola potencializa seu uso em outros lugares. Assim, os docentes devem servir
como um “testemunho de alto valor educacional e conselheiro de boas práticas
da internet”. A escola, segundo o estudo, deve assumir o papel de “formador
de pais”, conscientizando-os da importância da mediação
do uso da rede.

Na contramão

Desde 2002, a professora Paloma Martin Fernandez da escola municipal de ensino
fundamental Pracinhas da FEB, em São Paulo, deixou as aulas de educação
física para ser orientadora de informática educativa: “Fiquei
apaixonada por isso”. A instituição iniciou o trabalho com
internet após ganhar computadores da iniciativa privada.

Nesse ano, o foco das aulas é o acesso ao e-mail: “Fiquei emocionada
com um garoto que não sabia escrever o nome inteiro e, após criar
seu e-mail pessoal, conseguiu aprender a escrevê-lo e ainda ajudou a mãe
com um documento que ela só recebeu graças ao correio eletrônico”,
conta Paloma.

Já a professora Lina Mendes, do colégio Ítaca, em São
Paulo, resolveu estender o tempo de aula na internet: ela mantém dois
blogs sobre as disciplinas que leciona, nos quais propõe desafios aos
alunos. Para ela, a coexistência de linguagens trazidas pela tecnologia
impõe uma necessidade de rever a forma de ensinar, para que haja o desenvolvimento
das habilidades necessárias à compreensão de textos.

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