Uma má notícia para quem não gosta de fazer conta: um
quarto das questões objetivas do novo Enem serão especificamente
de matemática. Isso porque a matéria é a única a
integrar sozinha uma das quatro grandes áreas em que a prova está
dividida. Assim, ao menos 45 das 180 perguntas do Enem serão apenas de
matemática. A matéria, portanto, será a de maior peso na
prova.
Nas outras três áreas, linguagens e códigos, ciências
da natureza e ciências humanas, as questões envolverão mais
de uma disciplina.
Desse modo, a prova de linguagens trará questões de língua
portuguesa, literatura, artes, educação física e comunicação.
A de ciências da natureza terá química, física e
biologia. Já a de ciências humanas será composta por história,
geografia e sociologia.
O diretor de avaliação da educação básica
do Inep (órgão do Ministério da Educação
responsável pelo Enem), Héliton Tavares, avisa: o número
de questões envolvendo matemática deve ser ainda maior que um
quarto, graças ao fato de o Enem ser um exame com questões interdisciplinares.
Um exemplo são perguntas de física e química que exijam
conhecimentos matemáticos. “Um quarto das questões serão
diretamente ligadas à matemática. Mas a linguagem matemática,
como gráficos, tabelas, cálculo de porcentagens, poderá
ser encontrada nas outras matrizes também”, afirma Mateus Prado,
presidente do Instituto Henfil. Ele comparou o edital deste ano com o dos anos
anteriores para reformular o material didático do seu cursinho.
Nos anos anteriores, o programa não tinha divisão por matérias
(a interdisciplinaridade já era a marca mais forte do Enem), o que, segundo
Tavares, dificulta uma comparação entre as edições.
E como o aluno deve treinar para uma prova assim? “O aluno deve fazer
o maior número de questões-teste em determinado tempo. Questões
fáceis, porque não adianta pegar um teste difícil e não
conseguir fazer”, afirma Glenn van Amson, supervisor de matemática
do Anglo. Uma boa dica é recorrer às provas anteriores do Enem,
disponíveis no site http://historico.enem.inep.gov.br.
A overdose de matemática não assusta Willian Cruz, 17, aluno
do CPV que vai prestar vestibular para economia. Na aritmética do seu
horário de estudos, matemática já toma 40% do seu tempo.
“Quando se estuda para valer, se estuda para tudo”, diz Willian, que
considera que seu maior desafio no Enem não será a matemática,
mas o tempo.
Disciplinas exóticas
Outra novidade do Enem são os temas pouco comuns em outros exames, como
história da África e educação física. Mas,
quanto a eles, o recado dos professores é tranquilizador: não
haverá cobrança de conteúdo específico, as questões
devem ser contextualizadas. “Ninguém vai cobrar a regra do basquete
ou a independência do Catar. Vai ter que analisar documentos históricos,
interpretar”, diz Mateus Prado.
Héliton Tavares, do Inep, confirma que não haverá cobrança
de datas. Sobre o conteúdo, diz não haver novidade nos temas exigidos,
que se baseiam no programa estudado no ensino médio.