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Europa – Portugal – A Revolução dos Cravos

by Lucas Gomes


Soldados portugueses durante
a Revolução dos Cravos (1974)

Sem dúvida o fato mais importante da historia contemporânea de Portugal é a Revolução dos Cravos, de abril de 1974.

A luta do povo português contra o fascismo e a guerra colonial converteu-se num poderoso movimento de massas, abrangendo todas as classes e setores da vida nacional, mas sobretudo, as mais desfavorecidas que tiveram que agüentar quatro anos de serviço militar, dois deles nas colônias de Portugal em plena guerra por sua independência.

Nos últimos meses de 1973 e nos primeiros de 1974, antecedendo imediatamente o 25 de Abril, o movimento popular de massas desenvolva-se com força em todas as frentes. A primeira grande frente de luta popular contra a ditadura foi o movimento trabalhador. A classe trabalhadora interveio como vanguarda em toda a luta anti-facista, em todo o processo da luta popular.

A repressão caía violentamente sobre o movimento trabalhador. Nunca, porém, o fascismo conseguiu liquidar e abafar a organizacão e a luta dos trabalhadores.

Grandes greves dos trabalhadores industriais, dos transportes, dos empregados, dos pescadores, tiveram uma importante contribuição dentro do processo revolucionário que se vinha se desenvolvendo.

A segunda frente de luta popular contra a ditadura foi o movimento democrático onde estava inserido o PCP. Os feitos e métodos de ação das massas do PCP foram um exemplo da junção de trabalho legal e trabalho político clandestino nas condições de uma ditadura fascista.

A terceira grande fronte de luta popular contra a ditadura foi o movimento juvenil. A juventude teve um papel importantíssimo na luta contra a ditadura fascista. Os moços, trabalhadores, estudantes e soldados nas colônias, estivera, sempre nas primeiras linhas em todas as frentes da luta política, econômica e cultural, na agitação clandestina, nas manifestações.

O clímax da Revolução dos Cravos ocorreu cinco minutos antes das 23h do dia 24 de Abril de 1974, nos estúdios da Rádio Alfabeta, o locutor em serviço lançou a música E Depois do Adeus de Paulo de Carvalho. Era o sinal para as tropas avançarem.

À meia noite e vinte, já no dia 25, a segunda senha: Grândola, Vila Morena, de José Afonso, toca na Radio Renascença, antecedida da leitura da sua primeira quadra:

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade,
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Esta “senha” serviu para informar a todos os quartéis e militares que aderiam ao golpe, que tudo estava preparado e correndo conforme o previsto. Era o arranque sincronizado e irreversível das forças do MFA (Movimento das Forças Armadas).

Vendedoras de flores do Rossio, praça central de Lisboa, colocaram cravos vermelhos nos fuzis dos militares, numa imagem belíssima e poética. Sem disparar, praticamente, um tiro, os militares ocuparam as ruas para derrubar o regime ditatorial e foram saudados com festa pela população.

O movimento estava baseado em três Ds: Democratização, Descolonização e Desenvolvimento.

A revolta militar foi uma conseqüência do isolamento, empobrecimento e dos 13 anos de guerra colonial, em que os portugueses enfrentaram os movimentos de libertação nas suas colônias: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

A população apoiou a revolução desde o primeiro momento, fato que se tornou decisivo para a sua vitória. Percebeu que os capitães tinham a vontade de restaurar liberdades há muito perdidas e enterrar um regime podre e caduco. Com a Revolução dos Cravos os portugueses recuperaram sua liberdades de opinião, de expressão e de imprensa.

Se fôssemos analisar a situação atual em Portugal, muitos dos ideais da revolução se perderam, mas, não há como negar que esse movimento, pacífico e poético, mudou o país.

Em 1974, quando Portugal vivia sua Revolução dos Cravos, o Brasil ainda vivia afundado na ditadura, com censura prévia e pessoas desaparecidas. Para os portugueses, Chico Buarque fez a música:

Tanto Mar

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

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