Home EstudosSala de AulaHistoria 2ª Guerra Mundial: 4. 65 anos do bombardeio atômico sobre Nagasaki

2ª Guerra Mundial: 4. 65 anos do bombardeio atômico sobre Nagasaki

by Lucas Gomes

Há 65 anos os Estados Unidos lançaram a segunda bomba atômica
em Nagasaki, Japão, três dias de lançarem a primeira bomba
atômica sobre Hiroshima. O fato acelerou o fim da Segunda Guerra Mundial,
forçando a rendição do Exército Imperial japonês
seis dias após o atentado.

A bomba lançada em 9 de Agosto de 1945 em Nagasaki, foi chamada de “Fat
Man” por ser maior do que a utilizada em Hiroshima. Ela era mais arredondada
e um pouco maior que a Little Boy. Media 3 metros e 20 centímetros de
comprimento, tinha um diâmetro de um metro e meio, pesava 4,5 toneladas
e tinha uma carga de plutônio 239 e o processo era de implosão.

A título de comparação, supondo que essa bomba explodisse
na cidade de São Paulo sobre a Catedral da Sé, no centro da cidade,
a área de destruição total abrangeria os bairros da Liberdade,
Cambuci, Brás, Bom Retiro, Bela Vista, República e a região
próxima à Universidade Mackenzie.

A taxa de sobrevivência no raio de um quilômetro do epicentro da
explosão foram de menos de um habitante a cada grupo de mil. Robert Lewis,
co-piloto do Enola Gay, referindo-se à explosão, escreveu em seu
diário: “Meu Deus, o que foi que nós fizemos?” .

A bomba era mais potente embora, devido às características de
Nagasaki, teve um efeito menos devastador do que em Hiroshima, tendo no entanto
provocado mais de 73 mil mortes. Outras 130 mil morreram nos 5 anos subsequentes,
em função de ferimentos e doenças causadas pela exposição
à radiação. Assim, calcula-se que 200 mil pessoas teriam
sido o custo pago pela passagem da humanidade para a Era Nuclear, mas estas
são cifras mínimas estimadas. A verdade é que nunca se
saberá ao certo quantas centenas de milhares de vidas foram tomadas ou
afetadas para sempre com apenas duas explosões.

Nagasaki foi um alvo secundário. O bombardeiro B-29 sobrevoou a cidade
de Kokura não tendo lançado a bomba devido ao fumo intenso, então
mudou de rumo e seguiu para o segundo alvo: Nagasaki.

No dia seguinte à explosão da bomba atómica em Nagasaki,
o imperador Hirohito declarou o fim da guerra.

A cidade nesse dia (imagem acima) foi fotografada
por Yosuke Yamahata

Ainda hoje centenas de pessoas sofrem as consequências nefastas do ataque.

O legado cultural nuclear

Por muitos anos, o que ocorreu em Hiroshima e Nagasaki foi ocultado do grande
público. Num primeiro momento, o governo japonês da 2ª Guerra
ocultou os bombardeios atômicos do povo japonês, com a distorcida
prioridade de manter o “moral popular e das tropas elevado”. Num segundo
momento foi a vez do governo americano, logo após a rendição
do Japão, pelas também distorcidas razões e estratégias
da nascente Guerra Fria.

Relatos superficiais do grau de destruição causado pelos bombardeios
atômicos geraram um sentimento generalizado de medo, que se acentuou a
partir de 1949 quando a União Soviética conseguiu fazer explodir
sua primeira bomba nuclear num teste, iniciando uma corrida armamentista bipolarizada.
A restrição de informações, entretanto, não
fez com que o medo se dissipasse – muito ao contrário. Em 1954, um teste
de armas termonucleares americanas no Atol de Bikini chegou à potência
de 15 megatons (o equivalente a 15 milhões de toneladas de TNT, ou cerca
de 1.150 bombas de Hiroshima).

A mera possibilidade de uma hecatombe nuclear gerou um medo que se instalou
na cultura da época, e a censura sobre o assunto na mídia – fosse
ela auto-promovida ou não – fazia com que o tema fosse tratado apenas
de forma poética ou através de analogias. O assunto foi tema de
vários filmes de ficção científica. Popular, este
gênero de filmes refletiu o medo nuclear da época e produziu um
ícone. “Godzilla” (em japonês, “Gojira”), filme
de 1954 dos estúdios Toho, foi protagonizado por um monstro gigante gerado
pelos testes em Bikini, que chega ao Japão destruindo tudo pelo caminho
com seu enorme rabo e matando pessoas com seu bafo radioativo, numa analogia
aos bombardeios atômicos. Em 1959, “Hiroshima Mon Amour”, produção
franco-japonesa, ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e tornou-se um
sucesso internacional tratando de forma séria mas poética a questão
do medo nuclear, apresentando imagens dos sobreviventes da bomba atômica
como pano de fundo de um filme romântico.

Nagasaki antes e depois da bomba

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