Nos anos 60, duas correntes políticas dividiam o Chile:
1. a frente popular, socialista e democrata, e
2. as forças imperialistas internas e externas.
A batalha de idéias atingiu seu auge no final daquela década e, em 1970, o socialista Salvador Allende chegou à presidência.
Durante o golpe de Estado, o exército bombardeou o palácio
presidencial de La Moneda, onde se encontrava Allende que,
após se dirigir à nação num discurso radiofónico, comete
suicídio com uma bala na cabeça.
Allende foi o primeiro presidente de orientação marxista eleito no Chile. Seu governo bateu de frente com os
interesses dos Estados Unidos e das oligarquias de seu país. Essa insatisfação instigou as forças armadas chilenas
a prepararem um golpe de estado em agosto de 1973, liderados pelo vice-almirante José Merino e o general Gustavo Leigh.
Ainda em agosto, o comandante geral das forças armadas, Carlos Prats, renunciou ao seu posto após manifestações de
repúdio das esposas dos generais. Para o seu lugar, indicou o general Augusto Pinochet, por considerá-lo um militar
leal e apolítico. Mas, com o desenrolar do golpe (iniciado pela marinha), o general que deveria reprimi-lo passou
a tomar parte ativa, aderindo aos comandantes rebelados. Pinochet chefiou a junta militar que depôs Allende e
anunciou-se novo presidente.
PINOCHET LIDEROU UMA DITADURA VIOLENTA POR 17 ANOS NO CHILE
A figura de Augusto Pinochet era desconhecida para os 15 milhões de chilenos até a manhã daquele 11 de setembro de 1973,
quando liderou o golpe militar que terminou com o suicídio do presidente socialista, Salvador Allende, no Palácio de La
Moneda. Assim iniciou-se um terrível regime de repressão contra o povo chileno, que durou mais de uma década.
A justificativa desse, que foi um dos golpes de Estado mais sangrentos da América
Latina, foi a de impedir a nacionalização dos bancos e das minas de cobre.
O Chile deixava de ser a sociedade liberal que era desde 1930. Tornou-se palco de uma repressão criminosa, torturas
e assassinatos. Cerca de trinta mil chilenos foram mortos e mais de cem mil foram presos sem julgamento. Foi o reinado
do terror. Quem se opôs à junta de Pinochet foi perseguido e eliminado. O Estádio Nacional de Santiago era a última
parada para milhares de vítimas.
Mais de vinte e dois mil estudantes foram expulsos das universidades. Mais de cento e cinqüenta mil chilenos foram para
o exílio.
A meta de Pinochet era juntar uma economia de livre iniciativa com um Estado autoritário. A partir disso, nem as idéias
podiam circular livremente.
Com outros ditadores do Cone Sul, em novembro de 1975, organizou a “Operação Condor” para eliminar os opositores
além das fronteiras de seus respectivos países.
“No Chile não há uma folha que se mova sem que eu saiba”, foi uma de suas declarações mais famosas, quando se
confirmou na chefia da ditadura mais prolongada que o Chile enfrentou em sua história republicana.
General Augusto Pinochet
Na época, ele não poderia imaginar os problemas que o esperavam a partir de 16 de outubro de 1998, quando foi
detido em Londres para ficar exposto, durante 503 dias, perante a comunidade internacional como a encarnação das
piores violações dos direitos humanos.
Os chilenos perderam não só seus direitos, mas também os direitos adquiridos com as reformas de Allende: liberdade
política; liberdade de expressão; liberdade de imprensa; programas sociais para a infância; direito à educação universitária;
reforma agrária; sindicatos; organizações de serviço social; e fábricas e minas, que foram devolvidas aos monopólios
chilenos e estrangeiros.
E Pinochet, que justificou o golpe contra Allende apontando a nacionalização das
minas de cobre, empreendeu essa própria nacionalização quando sobiu ao poder.
Durante seu governo Pinochet fechou o Parlamento, aboliu os partidos políticos
e a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e instaurou a censura de imprensa.
AS TORTURAS
Reclusão e tortura constituíram uma prática institucional do Estado, afirmou, às lágrimas, o presidente do Chile,
Ricardo Lagos, ao receber, no dia 10 de novembro de 2004, o Relatório da Comissão Nacional sobre prisão política e
tortura, por ele nomeada, um ano antes, para investigar as violações dos direitos humanos durante a ditadura do
general Augusto Pinochet (1973-1990). Presidida pelo bispo Sergio Valech, a Comissão trabalhou com afinco e, em um
ano apenas, recolheu depoimentos de 35.000 vítimas da repressão do regime militar entre as mais de 100.000.
Organismos pela defesa dos direitos humanos falam do dobro.
Documentos fotográficos da repressão contra o povo durante
a ditadura do general Augusto Pinochet
O Relatório divide o período estudado em três fases: na primeira, durante os meses que se seguiram imediatamente
ao golpe (1973), a repressão foi muito pesada e golpeou sobretudo jovens ligados ao partido de Salvador Allende,
Unidad Popular, e às organizações sociais; na segunda (1974-78), enquanto a oposição política se reorganizava, a
violência tornou-se mais seletiva e esteve sobretudo nas mãos dos serviços secretos, a Dirección de Inteligencia
Nacional (DINA), de triste memória; na terceira (1978-90) foi investigada sobretudo a ação da Central Nacional de
Informaciones (CNI), que substituiu a DINA. A tortura era a forma mais generalizada de violação dos direitos humanos
e era aplicada em todas as prisões.
O poder político acobertava a ação e garantia a impunidade a seus executores. Estes consideravam normal o seu trabalho,
justificado pela acusação de subversão, de comunismo, contra as vítimas. A finalidade principal da tortura era destruir
a dignidade dos vitimados. As formas mais freqüentes eram açoites prolongados, ameaças de morte (por fuzilamento ou asfixia),
choques elétricos nas partes mais sensíveis do corpo, fome e frio, interrupção do sono, exibição da própria nudez e
humilhações corporais, estupros de homens e mulheres, presenciar sessões de tortura e de estupros, inclusive de familiares,
forçar a comer os próprios escrementos e a beber a própria urina.
FIM DA ERA PINOCHET
Nos primeiros anos da ditadura, o governo Pinochet conseguiu reverter o quadro de crise econômica provocado pelo
fracasso da política socializante de Salvador Allende. Algumas das medidas tomadas foram a autorização da entrada
de capitais estrangeiros e a liberalização da economia, o que ajudou o Chile a crescer bastante na década de 70.
Mas o sucesso econômico foi manchado com sangue. A oposição dos EUA e as crises
econômicas internacionais do começo da década de 80 criaram um quadro de grandes
complicações internas, aumentando o desemprego e o déficit na balança comercial.
Cresceram, assim, a insatisfação geral e as contestações à ditadura de Pinochet.
Imagem do plebiscito de 1988
Os protestos populares e a crise econômica forçaram o governo a colocar em discussão a continuidade do regime e
do general na presidência do país. Em um plebiscito realizado em 1988, o povo chileno disse não à reeleição e
forçou uma abertura negociada que resultou no fim da ditadura, em 1990, com a posse de um presidente eleito.
Pinochet foi detido e julgado em seu próprio país, em 31 de janeiro de 2001 por ordem do juiz Juan Guzmán Tapia,
que conseguiu despojá-lo de sua imunidade para submetê-lo a um primeiro julgamento por violações dos direitos humanos
e enfrentar um pedido de extradição para a Espanha que não se concretizou.
Liberado por “razões humanitárias”, Pinochet voltou ao Chile em 3 de março de 2000, doente, humilhado e sem suas
antigas posições de poder.
Esta surpreendente detenção em Londres foi o início de seu ocaso, que nos últimos anos o obrigou a se retirar em
sua residência situada ao leste de Santiago ou no sítio de Los Boldos, na costa central chilena.
Ali, ao lado da esposa, recebe as visitas periódicas de seus cinco filhos, de seus netos e dos poucos partidários
que ainda lhe restam.
“No dia em que tocarem algum de meus homens se acaba o Estado de Direito”, advertiu Pinochet pouco antes de deixar
o poder, em 11 de março de 1990, mas no ano 2000, a Suprema Corte o despojou de sua imunidade parlamentar para
enfrentar mais de 100 processos por crimes contra a humanidade.
Desde 27 de novembro, o ex-ditador cumpria prisão domiciliar no âmbito de um processo por dois dos desaparecidos
deixados pela “Caravana da Morte”, uma comitiva militar que percorreu o Chile no início da ditadura.
A nova detenção ocorreu um ano depois da primeira, que durante seis meses também cumpriu em sua residência, quando
foi submetido a dois julgamentos que ainda estão em andamento.
Em um deles, foi acusado dos desaparecimentos durante a “Operação Colombo”, um plano repressivo executado por
agentes do regime militar para eliminar opositores.
No outro, o juiz Carlos Cerda estabeleceu a responsabilidade de Pinochet em fraude tributária, falsificação de
documentos e outros crimes vinculados com as contas secretas que manteve em bancos dos Estados Unidos e de outros
países, descobertas pelo Senado americano em meados de 2005.
O general enfrentou há seis anos um primeiro julgamento no Chile por 75 assassinatos e seqüestros executados pela
“Caravana da Morte”, mas a Suprema Corte encerrou o processo sem sanções em julho de 2002, ao considerar que o ex-ditador
sofria de uma “demência moderada” que o impedia de se defender perante os juízes.
CRONOLOGIA
1973 | |
23 de agosto | O presidente socialista Salvador Allende aceita a demissão do general Carlos Prats do comando do Exército e designa para o cargo o general Augusto Pinochet. |
11 de setembro | Golpe de Estado. Allende se suicida, depois de recusar a rendição exigida dele pela Junta Militar liderada por Pinochet, que três dias depois fecha o Congresso. |
30 de setembro | Pinochet anuncia que a presidência da Junta será exercida sucessivamente pelos comandantes da Armada, da Força Aérea e da polícia de Carabineros. |
6 de outubro | Seguem os fuzilamentos de opositores. As igrejas cristãs criam o Comitê de Cooperação para a Paz. |
1974 | |
16 de março | Pinochet assiste à posse do presidente do Brasil, o general Ernesto Geisel. |
15 de junho | Pinochet cria a DINA (Direção de Inteligência Nacional), a polícia política encarregada de combater a subversão (que será substituída em 1977 pela Central Nacional de Informações, CNI). |
20 de junho | Pinochet se proclama chefe supremo da Nação. |
30 de setembro | O general Carlos Prats morre assassinado junto com a mulher em Buenos Aires, onde vivia exilado desde o golpe. |
16 de dezembro | Pinochet promulga o decreto que o converte em Presidente da República. |
1975 | |
6 de outubro | O líder democrata-cristão Bernardo Leighton, exilado em Roma, é ferido a tiros junto com a esposa num atentado. |
15 de novembro |
Pinochet participa dos funerais do general Francisco Franco em Madri. |
1976 | |
6 de janeiro | O cardeal Raúl Silva Henríquez cria o Vicariato da Solidaridade (em substituição do dissolvido Comitê de Cooperação para a Paz), que denuncia as violações dos direitos humanos e concede apoio jurídico aos presos políticos. |
16 de julho | Num local de Santiago aparece o corpo do diplomata espanhol Carmelo Soria, detido dois dias antes por uma patrulha militar. |
21 de setembro | O ex-chanceler socialista Orlando Letelier e sua secretária morrem em Washington, quando uma bomba instalada por agentes da DINA explode sob seu automóvel. |
1977 | |
4 de abril | O governo militar proíbe a importação de livros de Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa, entre outros autores considerados marxistas ou pró-marxistas. |
5 de setembro | Pinochet viaja a Washington, para participar nos atos relacionados aos novos acordos para o Canal do Panamá. |
1978 | |
4 de janeiro | Em consulta popular convocada por Pinochet, a maioria dos eleitores rejeita a “intromissão” da ONU em assuntos chilenos. |
17 de março | Bolívia rompe relações com o Chile, ao fracassar suas tentativas de obter uma saída soberana para o Pacífico. |
19 de abril | Pinochet dita um decreto de anistia que libera de culpas os autores de crimes políticos desde o golpe militar de 1973. Os principais beneficiados são os agentes do regime. |
24 de julho | Pinochet destitui da Junta do Governo e do comando da Força Aérea o general Gustavo Leigh, que propunha uma volta da democracia. |
1º de agosto | Estados Unidos pedem sem êxito a extradição do chefe da DINA, general Manuel Contreras, pelo assassinato de Orlando Letelier. |
22 de dezembro | O papa João Paulo II inicia uma mediação para evitar a guerra entre Chile e Argentina pelo canal de Beagle. |
1979 | |
19 de janeiro | Peru acusa o Chile de espionagem, retira seu embaixador e declara persona non grata o embaixador chileno, Francisco Bulnes Sanfuentes. |
1º de dezembro | Estados Unidos suspendem toda a ajuda militar e financeira ao regime de Pinochet. |
1980 | |
22 de março | O presidente filipino Ferdinand Marcos, “por motivos de segurança”, cancela um convite a Pinochet, que estava voando para Manila, e o incidente causa ruptura diplomática. |
11 de setembro | Em plebiscito que a oposição qualifica de “fraudulento”, é aprovada uma nova Constituição que prolonga por 10 anos o mandato de Pinochet. |
1982 | |
25 de fevereiro | O sindicalista Tucapel Jiménez, seqüestrado por um comando da CNI, aparece degolado na periferia de Santiago. |
1983 | |
13 de janeiro | Pinochet decreta a intervenção em cinco bancos e a dissolução de outros dois, para evitar a quebra do sistema financeiro. |
11 de maio | Primeira Jornada de Protesto Nacional, encabeçada pelos mineiros do cobre, para exigir o retorno à democracia. |
11 de agosto | o quarto protesta culmina com 27 mortos. |
30 de agosto | O intendente de Santiago, coronel Carol Urzúa, morre junto com dois guarda-costas numa emboscada do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária). |
1984 | |
4 de setembro | O sacerdote francês André Jarlan e nove manifestantes morrem vítimas de tiros disparados pela polícia, durante o décimo Protesto Nacional. |
1985 | |
28 de março | Um comando dos Carabineiros degola na periferia de Santiago os militantes comunistas José Manuel Parada, Manuel Guerrero e Santiago Nattino. |
2 de agosto | O general César Mendoza renuncia à chefatura dos carabineiros e à Junta de Governo, por causa do caso “dos degolados”. |
1986 | |
2 de julho | O fotógrafo Rodrigo Rojas morre e a estudante Carmen Quintana fica gravemente ferida, quando os dois são queimados por uma patrulha militar, durante um novo protesto nacional. |
7 de setembro | A Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) realiza um atentado contra Pinochet na periferia de Santiago: morrem cinco guarda-costas do presidente. Toque de recolher. |
8 de setembro | O “Comando 11 de Setembro” assassina o jornalista José Carrasco e outros três opositores de esquerda, em represália ao atentado contra Pinochet. |
1987 | |
1º de abril | O papa João Paulo chega ao Chile, onde se reúne com Pinochet. Falando para meio milhão de católicos num parque de Santiago, proclama que “o amor é mais forte”. |
1988 | |
5 de outubro | 53,31% dos eleitores que participam de um plebiscito dizem “Não” à proposta de Pinochet de seguir no poder até 1997. |
1989 | |
11 de dezembro | Patricio Aylwin, candidato democrata-cristão da aliança com os socialistas, ganha a eleição presidencial com mais de 56% dos votos, ante o oficialista Hernán Buchi. |
1990 | |
11 de março | Pinochet entrega a presidência a Aylwin e o Congresso é reaberto, com legisladores eleitos três meses antes. |
19 de dezembro | Pinochet, que segue no coando do Exército, ordena um aquartelamento para manifestar “preocupação” com as investigações do novo Governo sobre as violações aos direitos humanos. |
1991 | |
4 de março | A Comissão Verdade e Reconciliação, criada pelo Governo, determina que a repressão do regime militar deixou mais de 3 mil mortos e desaparecidos. |
1º de abril | O senador de direita Jaime Guzmán, líder da oposição e ex-assessor de Pinochet, morre metralhado por um comando da FPMR. |
1993 | |
28 de maio | Pinochet e o Corpo de Generais se reúnem em uniforme de combate, em meio a uma forte mobilização militar. |
1994 | |
11 de março | O democrata-cristão Eduardo Frei assume a presidência, depois de vencer as eleições. |
1995 | |
30 de maio | a Corte Suprema condena a sete anos de prisão o general Manuel Contreras, ex-chefe da DINA, e a seis anos o brigadeiro Pedro Espinoza, pelo assassinato do ex-chanceler Letelier em Washington. |
1998 | |
10 de março | Pinochet, que governou o Chile como ditador entre 1973 e 1990, entrega o comando do Exército, que ocupou durante 25 anos, ao general Ricardo Izurieta. |
11 de março | Pinochet assume como senador vitalício, de acordo com a legislação elaborada durante seu regime. |
16 de outubro | A pedido da justiça espanhola, Pinochet é detido numa clínica de Londres, onde se recuperava de uma cirurgia na coluna. |
6 de novembro | A Espanha pede a extradição de Pinochet e o Governo do presidente Eduardo Frei, em desacordo com a solicitação, chama seu embaixador em Madri. |
1999 | |
30 de junho | Estados Unidos publicam 5,8 mil documentos secretos sobre as violações aos direitos humanos durante a ditadura de Pinochet. |
8 de outubro | o juiz britânico Ronald Bartle concede a extradição de Pinochet à Espanha. |
25 de novembro | Pinochet completa 84 anos, detido em Londres, enquanto seus advogados levam o caso à Alta Corte. |
2000 | |
5 de janeiro | Pinochet é submetido a exames médicos num hospital do noroeste de Londres para estabelecer se podia ou não ser extraditado para a Espanha ou se deveria ser liberado devido a seu quadro de saúde |
11 de janeiro | O ministro britânico do Interior, Jack Straw, adianta sua “intenção” de liberar Pinochet depois dos exames médicos. |
16 de janeiro | O líder socialista Ricardo Lagos, candidato do oficialismo, ganha o segundo turno das eleições presidenciais, com 51,31% dos votos. |
2 de março | Straw libera Pinochet, ao final de 503 dias de detenção. |
3 de março | Pinochet é recebido no aeroporto de Santiago por altos dirigentes militares. |
6 de março | O juiz Juan Guzmán Tapia pede a quebra da imunidade de Pinochet, como senador vitalício, para enfrentar mais de 80 queixas (nessa época) que acumularam durante sua detenção em Londres, relacionadas a fatos ocorridos durante sua ditadura. |
9 de março | Pinochet vai de Santiago para sua fazenda de Bucalemu, na costa central, 130 quilômetros a oeste da capital chilena. |
11 de março | Ricardo Lagos recebe a faixa presidencial das mãos de Eduardo Frei e se transforma no primeiro governante socialista do Chile depois de Salvador Allende, morto a 11 de setembro de 1973 durante o golpe de Pinochet. |
13 de março | a Corte Suprema acolhe uma petição dos Estados Unidos para interrogar 42 funcionários da ditadura militar, vinculados ao assassinato em Washington do ex-chanceler socialista Orlando Letelier, dia 21 de setembro de 1976. |
21 de março | A direitista União Democrata Independente (UDI) pede ao presidente Lagos que permita a “retirada digna” de Pinochet da atividade política. |
18 de abril | A Corte de Apelações de Santiago rejeita um pedido da defesa de Pinochet, para submetê-lo a novos exames médicos antes de julgar a quebra da imunidade dele como senador. |
20 de abril | A Corte de Apelações de Santiago nega-se a aplicar uma antiga lei de anistia ditada por Pinochet para liberar de culpas ex-chefes militares acusados de integrar a “Caravana da Morte”, que fuzilou 74 presos políticos em outubro de 1974. |
24 de abril | Pinochet regressa a Santiago vindo de sua fazenda na costa para submeter-se a exames médicos. |
25 de abril | Quatro novas queixas contra Pinochet são apresentadas em Santiago elevando para 92 as denúncias por crimes atribuídos à ditadura. |
26 de abril | a Corte de Apelações de Santiago inicia o julgamento da quebra de imunidade de Pinochet. |
4 de maio | o chefe do Exército general Ricardo Izurieta adverte que a quebra de imunidade de Pinochet não o deixaria satisfeito. |
11 de maio | Aumentam para cem as queixas contra Pinochet. |
16 de maio | O presidente Lagos manifesta incômodo devido a uma reunião realizada na véspera pelos comandantes-em-chefe das Forças Armadas. |
23 de maio | a Corte de Apelações de Santiago aprova a quebra de imunidade de Pinochet, mas adia a divulgação do veredicto. |
5 de junho | A Corte divulga o veredicto e confirma a quebra de imunidade. |
21 de junho | O Congresso chileno aprova uma lei que protege a identidade dos que informarem sobre os desaparecidos sob a ditadura de Pinochet. |
8 de agosto | A Corte Suprema do Chile confirma a quebra de imunidade de Pinochet. O Exército se solidariza com seu ex-chefe. |
4 de setembro | Pinochet entrega mensagem aos chilenos durante o Dia da Unidade Nacional. |
14 de setembro | Estados Unidos publicam 11 mil novos documentos secretos sobre o Chile, incluindo centenas da CIA. |
25 de setembro | o juiz Guzmán Tapia ordena exames mentais em Pinochet antes do julgamento, decisão da qual o ex-ditador apela dois dias depois. |
27 de outubro | A justiça argentina pede formalmente a extradição de Pinochet por sua presumível responsabilidade no assassinato do general chileno Carlos Prats em 1974 em Buenos Aires. |
28 de outubro | Pinochet é hospitalizado de urgência por uma pneumonia. |
1º de dezembro | Guzmán Tapia ordena a prisão domiciliar de Pinochet, pelos 75 crimes cometidos pela Caravana da Morte. |
2001 | |
18 de janeiro | Os médicos que examinam Pinochet dizem que ele padece de “uma demência levemente moderada”. |
9 de julho | A Corte de Apelações de Santiago suspende o processo contra Pinochet levando em consideração seus “sinais de demência”. |
17 de dezembro | A juíza argentina María Servini de Cubría pede à justiça chilena que tirem a imunidade de Pinochet, desta vez para ser julgado pelo assassinato do general Carlos Prats em Buenos Aires, em 1974. |
2002 | |
1º de julho | A Corte Suprema livrou o general das acusações ao considerar que uma demência moderada o impedia de se defender ante os tribunais. Pinochet renuncia ao cargo vitalício no Senado e a Suprema Corte libera o ex-ditador do julgamento por considerar que sua demência o impediria de se defender. |
4 de julho | Com a nova imunidade de “ex-presidente” concedida pelo Congresso, Pinochet renuncia a seu cargo de senador vitalício. |
7 de outubro | A Corte de Apelações de Santiago rejeita a imunidade dada ao ex-ditador, como pede a justiça Argentina para privá-lo como primeiro passo para sua extradição. |
2003 | |
25 de fevereiro | Cinco ex-chefes da polícia secreta de Pinochet são submetidos a julgamento em Santiago pelo assassinato em Buenos Aires do ex-comandante-em-chefe do Exército, general Carlos Prats, 29 anos antes. |
4 de julho | Familiares das vítimas da ditadura consideram “insuficiente” o gesto de oito ex-generais do Exército chileno, que, pela primeira vez, admitem as exumações ilegais de desaparecidos. |
27 de agosto | A Corte de Apelações de Santiago rejeita o pedido de retirada de imunidade de Pinochet, acusado pelo Partido Comunista pelo desaparecimento de dez de seus dirigentes. |
2004 | |
28 de maio | A Corte de Apelações de Santiago, em uma sentença surpreendente, retira a imunidade de Pinochet por sua responsabilidade na “Operação Condor”, aplicada pelas ditaduras militares sul-americanas nos anos 70 para eliminar seus opositores. |
20 de julho | Uma comissão do Senado norte-americano denuncia que Pinochet teria aberto contas especiais e manteve transações de 1994 a 2002 com o Banco Riggs, que ajudou a transferir entre 4 a 8 milhões de dólares de contas na Grã-Bretanha para os Estados Unidos, em um momento que a justiça havia decretado o congelamento das contas do ex-ditador por ocasião de sua detenção em Londres, em outubro de 1998, por causa de crimes contra a humanidade. |
21 de julho | O Conselho de Estado do Chile aceita investigar a veracidade da denúncia apresentada por uma comissão do Senado norte-americano sobre as contas que Pinochet teria no Banco Riggs. |
15 de setembro | O ex-ditador chileno Augusto Pinochet é internado por 48 horas no Hospital Militar de Santiago por causa de um “quadro respiratório agudo”. |
16 de setembro | A Corte de Apelações de Santiago ratifica as ações do juiz chileno Juan Guzmán Tapia na condução do processo contra Pinochet pelos crimes da “Operação Condor”, rejeitando a alegação da defesa de que o juiz carecia de imparcialidade. O juiz espanhol Baltasar Garzón ordena a ampliação do processo contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet à sua esposa, Lucia Hiriart, e a diretores do banco americano Riggs por “ocultação de bens e lavagem de oito milhões de dólares. |
17 de setembro | O deputado de direita Maximiliano Errázuriz , ao visitar Pinochet quando estava internado no Hospital Militar, diz que o ex-general “sente que seu fim se aproxima”. |
2005 | |
4 de janeiro | A Suprema Corte ratifica a prisão domiciliar de Pinochet pela “Operação Condor”. Depois de nove dias, é concedida a ele liberdade provisória. |
19 de maio | Pinochet sofre um segundo acidente vascular em sua fazenda no litoral e é levado de helicóptero até o Hospital Militar de Santiago. |
14 de setembro | A Suprema Corte quebra a hegemonia de Pinochet para que seja julgado pela “Operação Colombo”, que deixou 119 desaparecidos em meados de 1975. |
15 de setembro | A Suprema Corte encerra sem sanções o processo pela “Operação Condor”, ao considerar a “demência moderada” de Pinochet. |
19 de outubro | A Suprema Corte quebra a imunidade de Pinochet e autoriza o julgamento por fraude tributária e outros delitos vinculados às suas contas secretas. |
14 de novembro | Pinochet fica sob prisão domiciliar durante seis semanas nos processos pela “Operação Colombo” e mais uma centena de contas secretas que manteve em bancos dos Estados Unidos e outros países. |
2006 | |
24 de janeiro | O juiz Carlos Cerda mantém detidos durante 24 horas a esposa de Pinochet, Lucía Hiriart, e três de seus cinco filhos por cumplicidade em fraude tributária, falsificação de documentos e outros delitos vinculados às contas secretas. |
28 de janeiro | Lucía Pinochet, filha mais velha do ex-ditador, retorna a Santiago e é detida durante três dias, depois de uma fracassada tentativa de obter asilo em Washington. |
23 de junho | O general Manuel Contreras, fundador da DINA e condenado à prisão, afirma que a origem da fortuna de Pinochet, estimada em 28 milhões de dólares, foi o tráfico de cocaína. |
17 de julho | A Suprema Corte quebra a imunidade de Pinochet para que enfrente um novo julgamento por dois assassinatos atribuídos à “Caravana da Morte”, que percorreu o Chile nas primeiras semanas de sua ditadura. |
4 de setembro | A Suprema Corte quebra a imunidade de Pinochet e autoriza um procedso por desaparecimento e tortura de prisioneiros na “Villa Grimaldi”, uma prisão secreta onde esteve detida em 1975 a atual presidente do Chile, Michelle Bachelet. |
26 de outubro | A Justiça chilena inicia uma investigação sobre um suposto depósito de mais de nove toneladas de ouro que Pinochet teria escondido num banco de Hong Kong, segundo versão originada nos Estados Unidos. |
30 de outubro | O juiz Alejandro Solís, que investiga o caso de “Villa Grimaldi”, ordena a prisão domiciliar de Pinochet, que obtém sua liberdade condicional 10 dias depois. |
25 de novembro | Pinochet completa 91 anos e em mensagem ao país assume sua “responsabilidade política por tudo” o que aconteceu em seu regime. |
27 de novembro | O juiz Víctor Montiglio ordena a prisão de Pinochet por dois assassinatos da “Caravana da Morte”. |
3 de dezembro | Pinochet é internado de urgência no Hospital Militar de Santiago, depois de sofrer um infarto cardíaco e um edema pulmonar. |
10 de dezembro | Morre, aos 91 anos, o general Augusto Pinochet. |