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Bufo e Spallanzani, de Rubem Fonseca

by Lucas Gomes

Análise da obra

Aparentemente Bufo & Spallanzani é um romance
policial. Sob esse disfarce, Rubem Fonseca faz um pastiche do gênero policial,
uma vez que descontrai o gênero fazendo uso dele mesmo. Mas, longe de
ser apenas um romance policial, Rubem Fonseca nos apresenta uma narrativa complexa,
inserida entre as melhores obras da narrativa contemporânea. Entre as
características que sustentam esse raciocínio, pode ser citada
a função metalingüística, através da qual o
escritor reflete sobre seu ofício. Disso resulta o jogo em que ficção
e realidade muitas vezes se contundem. No romance em questão, o narrador
é escritor e precisa escrever um livro intitulado Bufo & Spallanzani.
Ao final, Bufo & Spallanzani é o livro de memórias
do escritor Gustavo Flávio. Ele não deve ser confundido como escritor
Rubem Fonseca, O assassino desse peculiar romance policial não é
o mordomo, mas o próprio narrador.

Bufo & Spallanzani é um romance repleto de
citações de e sobre outros autores e livros, além de muitas
digressões sobre a arte de escrever narrativas. Enfim, tal obra literária
está, sempre que possível, fazendo referências à
própria literatura, o que, em outras palavras, costumamos chamar de exercício
da função metalingüística.

lvan Canabrava narra acontecimentos de sua vida em flash-back.
Ora a nós leitores ora a Minolta, sua namorada, amiga, amante e confidente.

Várias histórias se entrelaçam, se misturam,
nesse enredo de Rubem Fonseca.

Bufo & Spallanzani, além do suspense, desperta
o interesse do leitor em busca de uma intriga envolvente, se constitui numa
ampla reflexão sobre o romance, sobre a própria história
do gênero e de suas relações com o mercado, com a expansão
dos bens culturais e com a demanda burguesa, problematizando-se a sobrevivência
desse tipo de narrativa no contexto do capitalismo de consumo contemporâneo.
A crise de criação que atormenta Gustavo Flávio, personagem-narrador
do livro, espelha a crise que o paradigma do romance moderno atravessa em nossos
dias. Sua impotência para escrever uma nova obra traz para o espaço
ficcional os impasses vividos pelo escritor, pressionado pelas exigências
do mercado editorial e que, ao mesmo tempo, já não acredita na
arte pela arte como refúgio diante do desencantamento do mundo, nem tampouco
na arte engajada como instrumento para mudar esse mundo.

É o romance do medo da impotência criativa, em
decorrência das grandes transformações econômicas,
sociais, tecnológicas pelas quais temos passado: começa com a
narrativa de um pesadelo e se desenvolve sob o signo da ameaça de castração
do escritor.

Estrutura

O livro se divide em cinco grandes partes: Foutre ton encrier,
Meu passado negro, O refúgio do Pico do Gavião,
A prostituta das provas e A maldição.

Essas partes correspondem a episódios da vida do narrador.
Cada uma delas poderia ser independente caso não houvesse um fio narrativo
condutor.

Tema

A temática de Bufo & Spallanzani é
o próprio fazer literário, ou seja, é a história
do nascimento de um romance que vai sendo contada.

Ambiente físico e cultural

A história ambienta-se na cidade do Rio de Janeiro.
Apenas o episódio do Refúgio do Pico do Gavião é
vivenciado na montanha. E uma história repleta de crimes, embora não
seja desenvolvida no submundo. Pode-se mesmo dizer que a trama é vivenciada
por personagens da classe média brasileira.

Foco Narrativo

O romance é narrado em primeira pessoa. O foco narrativo,
portanto, é o da personagem-narradora, o escritor Gustavo Flávio.

É importante compreender o desdobramento da personagem
protagonista para articular os episódios entre si. O fio narrativo, que
corresponde ao fato transformador da vida de lvan, encontra-se na figura do
sapo. Bufo, além disso, possui outro sentido: significa, segundo o dicionário
do Aurélio, “ator ou personagem de comédia ou farsa encarregado
de fazer rir o público com mímicas, esgares etc.-“. Desde
o início da narrativa, o narrador se denomina glutão, sátiro
e atacado por satiríase. Sátiro, convém lembrar, é,
na mitologia pagã, um semideus lúbrico habitante das florestas,
e que tinha chifres curtos e pés e pernas de bode; no sentido figurado
significa homem devasso, luxurioso, libidinoso. Satiríase, por sua vez,
é um termo da área médica, que significa excitação
sexual masculina mórbida. Pode-se fazer, portanto, uma relação
entre o impulso de escrever e o impulso ou excitação sexual. A
narrativa parece jorrar, em sua complexidade, como um jato em que as partes
se articulam e apresentam o quadro fabular e suas personagens.

Personagens

As personagens do romance Bufo & Spallanzani podem
ser estudadas segundo seu aparecimento nos episódios.

As personagens principais são:

lvan Canabrava, Gustavo Flávio, Minolta, Guedes, Delfina
Delamare e Eugênio Delamare. Os demais são personagens secundárias.
Seus traços físicos e psicológicos são fornecidos
pela visão do narrador.

Gustavo Flávio: personagem-protagonista.
E o narrador do romance. Glutão e sátiro, pesa mais de cem quilos
e mede mais de um metro e noventa centímetros. Gustavo Flávio
começa relatando a Minolta, sua amante, o caso que tivera com Madame
X. É através dos olhos e dos sentimentos do narrador-protagonista
que são apresentados os elementos constitutivos da narrativa. É
interessante como funciona seu ponto de vista em relação ao detetive
Guedes: o narrador é impotente face ao pensamento alheio e por isso trata
de “elucidar” o que se passa com as demais personagens sobre as quais
o narrador não tem controle.

Em algumas cenas relatadas, tem-se a impressão de que
o narrador é onisciente, principalmente quanto Guedes. Nesse caso, o
narrador comporta-se como se fosse onisciente e onipresente. Mas de pronto desfaz-se
o engano. Assim diz o narrador, no início da narrativa: “Estou relatando
incidentes que não presenciei e desvendando sentimentos que podem até
ser teoricamente secretos mas que são também tão óbvios
que qualquer pessoa poderia imaginá-los sem precisar dispor da visão
onisciente do ficcionísta.” (FONSECA, p. 17). Ou seja, o narrador
tenta explicar porque relata os fatos como se fosse onisciente. Gustavo Flávio
torna-se suspeito do assassinato de Delfina Delamare. Durante a narrativa, vê
Guedes como seu inimigo. Ele próprio se considera um bufo, fazendo sexo
compassivamente e não sentindo dor quando cortam seus culhões.
Tal como o sapo de sua própria narrativa, quando Spallanzani queima as
pernas do batráquio durante sua cópula com a fêmea, Gustavo
Flávio também não sente a dor durante sua castração.
Para ele, o tesão é superior à dor. E salvo pelo detetive
Guedes.

lvan Canabrava: é a personagem que
protagoniza o episódio Meu passado negro. E a identidade verdadeira de
Gustavo Flávio. lvan Canabrava é professor primário, alto,
magro, frugal e virgem. Chega a ser ingênuo quando diante da indiferença
de seu chefe quanto a fraude por ele descoberta, passa pela experiência
da catalepsia para provar sua tese. E corajoso, tem espírito investigador
e consegue desvendar o mistério sobre a morte do cliente da companhia
de seguros. Mata um homem, é preso no Manicômio Judiciário,
de onde escapa com a ajuda de Minolta e Siri. E ele da história do Bufo
marinus, o sapo que dá titulo ao livro.

Minolta: personagem também principal,
tem um papel importante na vida de Gustavo Flávio. Hippie, praticante
de alimentação alternativa, Minolta representa a liberação
dos sentidos. É através dela que ocorrem as transformações
na vida da personagem-protagonista. Grande incentivadora da arte literária,
é poeta e estimula lvan a escrever livros. Também é ela
que procura os editores. Pode-se dizer que é a criadora de Gustavo Flávio
que, durante a narrativa, insiste sobre a importância de Minolta nas mudanças
ocorridas em sua vida. Minolta funciona como confidente de Gustavo Flávio.
É a ela que o narrador confessa ser o assassino de Delfina.

Guedes: detetive da Delegacia de Homicídios.
Na visão do narrador é um tira sebento, porém honesto.
Não se deixa corromper por Eugênio Delamare. E uma personagem também
importante, sendo antagonista, uma vez que durante a narrativa suspeita que
Gustavo Flávio seja o assassino de Delfina. Sua presença na narrativa
é marcante para o narrador pois, mesmo sendo seu antagonista, Gustavo
Flávio identifica-se com ele devido á sua persistência e
curiosidade, além, é claro, da capacidade de juntar pistas. Guedes,
no desenlace, também demonstra afetividade por Gustavo Flávio,
avisando-o sobre os planos de Delamare e salvando-o de suas mãos.

Delfina Delamare: é a Madame X no relato
de Gustavo Flávio a Minolta. É considerada a cinderela órfã
que se casara com o milionário Eugênio Delamare. Moça romântica,
recatada, Delfina Delamare “não era uma mulher opulenta, mas seu
corpo tinha um grande esplendor; pernas, nádegas e seios eram perfeitos.”
(FONSECA, p. 8). Arquiteta o suicídio, porém induz Gustavo Flávio
a praticar o gesto misericordioso. Doente de leucemia, só lhe resta a
morte que escolher. É uma das personagens principais, antagonista, porque
participa de fatos que desencadeiam o desenvolvimento do enredo. Mesmo sendo
amante de Gustavo Flávio, sua posição é antagônica
ao personagem protagonista.

Eugênio Delamare: personagem antagonista,
é o marido enganado. Homem de muitas posses e prestígio social,
na visão do narrador é também muito perigoso, capaz de
contratar assassinos profissionais para matar Gustavo Flávio. Ameaça-o
e cumpre a promessa, só não consegue castrá-lo inteiramente
porque é impedido por Guedes. Seus esforços na tentativa de mascarar
a verdadeira versão do homicídio de sua esposa são sempre
frustrados por Guedes. Até o homem pago por Eugênio para se passar
pelo assassino é convencido por Guedes a desistir do plano e fugir. Enfim,
é uma personagem importante para a seqüência dos fatos até
o desenlace E um dos suspeitos pela morte da esposa. No final, morto no tiroteio,
a culpa do assassinato de sua mulher fica sendo mesmo dele.

Agenor da Silva: vigarista pago por Eugênio
Delamare para confessar o assassinato de Delfina. E morto pela gangue do Jacaré,
provavelmente como queima de arquivo. Ë personagem secundária.

As seguintes personagens secundárias fazem parte do
episódio Meu passado negro:

Zilda: ex-amante de lvan Canabrava. Mulher
chata e histérica. Através dela lvan consegue o emprego na companhia
de seguros. Acusa lvan de louco.

Gomes: amigo de Zilda, consegue para lvan
o cargo na firma de seguros. Favorece a versão da loucura de lvan.

Dr. Zumbano: superior de lvan na Pan-americana
de Seguros. Provável cúmplice do casal Estrucho.

Dr. Rabeiroles: advogado da firma de seguros.

Clara e Maurício Estrucho: Casal golpista
que, segundo lvan Canabrava, planejara a fraude contra a Pan-americana de Seguros.
Durante o velório do marido, Clara é vista alimentando o defunto
com um funil, fato relatado por alguém embriagado, portanto sem credibilidade.
No lixo de seu apartamento, são encontradas as pistas de que lvan precisa
para desvendar a fraude.

Ceresso: presidente da Associação
Brasileira de Proteção ao Anfíbio. Auxilia lvan Canabrava
a identificar a espécie do sapo e da planta encontrados no lixo dos Estrucho.
Também é ele que consegue o sapo e a planta para lvan realizar
a experiência.

As seguintes personagens secundárias fazem parte do
episódio O Refúgio do Pico do Gavião:

Roma e Vaslav: casal de bailarinos que se
hospeda no Refúgio.

Orion e Juliana: ele maestro, ela sua esposa
prima-dona, são também hóspedes do Refúgio.

Suzy e Eurídice: ‘primas” que
mantém uma relação de amor e ódio. Suzy é
assassinada por Eurídice durante sua estada no Refúgio.

Carlos: personagem ambígua. Descobre-se
que é mulher disfarçada de homem. É o pivô da morte
de Suzy.

Trindade e Rizoleta: casal anfitrião
do Refúgio do Pico do Gavião.

Ermitão: personagem que vive solitário
na montanha, alimentando gaviões. E suspeito pela morte de Suzy. No entanto,
ele testemunhara o assassinato conseguindo desvendar o crime.

Os demais personagens secundários só tem relevância
na medida em que são apenas citados na narrativa ou são figurantes
na narrativa, Para as ações e a seqüência de fatos
sua importância é mínima.

Enredo

No primeiro episódio, que compõe-se de seis capítulos,
Foutre ton encrier, o escritor Gustavo Flávio conta a Minolta
sua relação com Madame X. Madame X, mais tarde revelada como Delfina
Delamare, é uma bela e casada grã-ina por quem o narrador se apaixona.
Delfina é encontrada morta. O detetive Guedes suspeita de Gustavo Flávio,
porém não tem provas contra ele. A princípio, levanta a
hipótese de suicídio, porém após os exames periciais
comprova-se o homicídio. O marido de Delfina, o ricaço Eugênio
Delamare, tem interesse na idéia de homicídio.

No capitulo 5, Gustavo Flávio revela a identidade de
Madame X a Minolta. Conta também que recebera, antes da morte de Delfina,
a visita ameaçadora do marido traído. No último capitulo.
Gustavo Flávio é convidado a depor como um dos suspeitos do assassinato
de Delfina Delamare.

O segundo episódio — Meu passado negro — volta
ao passado de Gustavo Flávio. Antes de ser Gustavo Flávio, o escritor
havia sido professor primário, amante de Zilda. Seu nome: lvan Canabrava.
lvan passa a trabalhar numa firma de seguros, que deverá pagar um prêmio
altíssimo a Clara Estrucho, viúva de Maurício Estrucho,
que fez o seguro poucos meses antes de morrer. Desconfiado, lvan começa
a investigar o caso. Descobre, no lixo encontrado no apartamento abandonado
do casal Estrucho, um sapo morto e um ramo de flores murchas. Com a ajuda de
Ceresso, presidente da Associação Brasileira de Proteção
ao Anfíbio, lvan Canabrava descobre também que o veneno do sapo,
da espécie Bufo marinus, associado ao sumo da planta, causa catalepsia
profunda. Excitado pela descoberta da fraude, lvan não percebe o descaso
de seu chefe e entrega-lhe o relatório completo de suas investigações.
No entanto, sob suspeita de loucura, lvan não tem crédito e parte
para a experiência da catalepsia. Mesmo com seu próprio atestado
de óbito, lvan não consegue convencer o chefe. Não desiste,
porém: vai ao cemitério acompanhado por Minolta, Siri e Maria,
seus amigos hippies, para abrir o túmulo onde estaria Maurício
Estrucho. Na ocasião são surpreendidos pelo coveiro e, para calá-lo,
lvan o agride, matando-o sem querer. lvan é preso e considerado louco.
Vai para o Manicômio Judiciário, de onde foge com a ajuda de Minolta
e Siri. Passa então dez anos escondido com Minolta.

lvan Canabrava adota o pseudônimo de Gustavo Flávio
(uma homenagem ao escritor francês Gustave Ftaubert), engorda trinta quilos,
torna-se escritor famoso e aprende a amar as mulheres. Por sugestão da
sua segunda companheira, volta ao Rio de Janeiro.

No final da segunda parte, o narrador retoma o relato sobre
seu romance com Delfina Delamare. Minolta observa que o escritor está
sentindo dificuldades para começar a escrever seu romance “Bufo
& Spallanzani” e sugere a Gustavo Flávio que se recolha ao Refúgio
do Pico do Gavião.

O terceiro episódio poderia constituir-se em outro história,
não fosse também vivenciada por Gustavo Flávio. O Refúgio
do Pico do Gavião
refere-se à conturbada estada do escritor
nesse lugar. Há outros hóspedes: um elegante casal de bailarinos,
Roma e Vaslav; um maestro e sua esposa prima-dona, Orion e Juliana Pacheco;
um rapaz magro e tímido, Carlos; duas “primas”, Suzy e Euridice,
que são, na verdade, amantes. Além dos hóspedes, outras
personagens participam da trama: Trindade, proprietário do lugar, e D
Rizoleta, sua mulher. Numa conversa entre os hóspedes, o maestro questiona
o talento dos artistas literário defendendo a idéia de que qualquer
um pode ser escritor. A isso Gustavo Flávio responde com um desafio:
dá um tema aos presentes, que deverão desenvolvê-lo numa
narrativa e apresentá-lo. O maestro, Roma e Suzy aceitam o desafio.

O escritor escreve as primeiras linhas de Bufo & Spallanzani:
é uma história de homens e sapos. A propósito, começa
a perceber-se a ligação do romance com o titulo: Bufo marinus
é a espécie de sapo encontrada por lvan Canabrava; Spallanzani
foi um biólogo italiano do século XVIII que estudava a circulação
sanguínea, a digestão e os animais microscópicos. A Experiência
que o escritor deseja relatar em seu romance tem como personagens dois sapos,
Bufo e Marina (qualquer semelhança será mera coincidência?),
cobaias de Spallanzani. Ao mesmo tempo, os hóspedes do Refúgio
separadamente mostram a Gustavo Flávio suas narrativas que, segundo o
narrador, são autobiográficas. Constata-se que realmente escrever
é muito difícil. Durante este episódio, acontece outro
crime: Suzy é encontrada morta. Ao mesmo tempo, Minolta recebe um aviso
sobrenatural e resolve procurar Gustavo Flávio no Refúgio. O detetive
Guedes também vai ao encontro de Gustavo Flávio.

O quarto episódio, A prostituta das provas,
divide-se em três capítulos: neles começa a ser desvendado
o assassinato de Delfina. Guedes descobre que o assassino confesso não
matara a grã-fina e deixa-o em liberdade. O farsante fora pago por Eugênio
Delamare, o marido traído, para que o caso fosse encerrado na policia.
Guedes, em suas andanças pelo local do crime, encontra Dona Bernarda
e seu cão Adolfo. Ela é a testemunha de que Guedes precisa para
incriminar Gustavo Flávio.

A última parte, intitulada A maldição,
está reservada para o clímax e o desenlace. É dividida
em oito capítulos. No primeiro capítulo, o narrador faz considerações
sobre o gênero do romance em geral. Faz também reflexões
sobre a dificuldade de concluir-se uma história. No segundo capitulo,
o relato do Refúgio do Pico do Gavião é retomado. Descobre-se
que o assassino de Suzy é Euridice e que Carlos é a Maria da narrativa
que Suzy contara tendo como mote o tema dado por Gustavo Flávio. Segundo
Suzy, Maria era casada com José. Os dois fizeram um pacto de amor: quem
traísse o companheiro seria morto pelo outro. Maria, então, por
ter atentado contra a vida do marido, disfarçara-se em Carlos. Após
solucionado o caso, as personagens retornam ao Rio de Janeiro. Guedes avisa
a Gustavo Flávio que passará em sua casa. Na visita, Guedes comunica
a Gustavo Flávio que o vigarista preso pelo crime da ricaça havia
sido assassinado e que a vítima seguinte seria ele. Gustavo Flávio,
então, arma-se e aguarda o marido enganado. Nesse interím, o escritor
apaga de seu computador os dados do arquivo para o romance que tentara escrever.
Eugênio Delamare consegue aprisioná-lo e corta suas bolsas escrotais.
Durante a tortura, Guedes chega com policiais. Após o tiroteio, Guedes
e Gustavo Flávio sobrevivem, os demais morrem. Finalmente, Gustavo Flávio
conta a Minolta quem é o verdadeiro assassino de Delfina. Quando Delfina
descobrira que tinha leucemia, decidira que não acabaria da maneira suja,
dolorosa e humilhante que a morte escolhera para ela. Resolvera matar-se. Mas
a coragem lhe faltava. Convencera, então, Gustavo Flávio a fazer
isso por ela. Confessando pormenorizadamente o crime, tenso, ele termina a narrativa
dirigindo-se a Minolta.

Nota: O clímax acontece quando Eugênio
Delamare consegue prender Gustavo Flávio com a ajuda de capangas. A partir
daí, a narrativa se encaminha para o desenlace: Gustavo Flávio
sangra porque é capado, mas é salvo pela chegada de Guedes com
dois policiais. Eugênio Delamare e os capangas morrem, juntamente com
os dois policiais.

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