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Diego Velazquez

by Lucas Gomes

Diego
Rodríguez de Silva Velázquez, filho de um fidalgo de origem portuguesa,
foi batizado em Sevilha, Espanha, em 6 de junho de 1599. Sua aptidão
para a pintura se manifestou muito cedo e ele teve como mestres Francisco Herrera
o Velho e, depois, Francisco Pacheco, de quem mais tarde se tornou genro. A
principal fonte de informações sobre os primeiros anos de sua
carreira é a obra Arte de la pintura (Arte da pintura), que Pacheco publicou
em 1649.

Velázquez iniciou sua carreira pelo naturalismo, sob a influência
de Caravaggio e Pieter de Aertsen. As obras de sua fase sevilhana são,
sobretudo, naturezas-mortas e cenas de gênero – Velha fritando ovos
(1618; National Gallery, Edimburgo), O aguadeiro de Sevilha (1619; Museu
Wellington, Londres). O artista já se destacava então pela exploração
do contorno e dos contrastes ilusionistas de luz e sombra. Nessa fase, Velázquez
produziu também algumas composições de tema religioso,
como as telas Jesus em casa de Marta e Maria (c. 1618; National Gallery,
Londres) e Adoração dos magos (1619; Prado).

Em 1622, após a coroação de Filipe IV, Velázquez
visitou Madri pela primeira vez, com o propósito de retratar o novo soberano.
Embora já tivesse conquistado prestígio como retratista, só
conseguiu seu objetivo no ano seguinte, quando foi nomeado, com o apoio do conde-duque
de Olivares, seu protetor, para o cargo de pintor da corte madrilena. Nas novas
atribuições, desenvolveu ainda mais seu talento, com o estudo
das coleções reais. Em 1628, o famoso pintor flamengo Rubens visitou
a Espanha e, estimulado por ele, Velázquez viajou à Itália
para conhecer o trabalho dos mestres italianos.

De 1629 a 1631, Velázquez visitou os mais importantes centros culturais
da Itália, descobriu o colorido da escola veneziana e copiou e estudou,
entre outros, Ticiano, Tintoretto e Veronese. A viagem intensificou o realismo
de Velázquez, como demonstram duas de suas mais importantes composições,
A forja de Vulcano (1630; Prado) e A túnica ensangüentada
de José levada a Jacó
(1630; El Escorial). Por sua composição,
ambas as telas revelam a influência de El Greco, pelo qual Velázquez
nutria intensa admiração. Entre a produção dessa
época destaca-se também Crucificação (c.
1631; Prado); tipicamente espanhola, trata-se de uma composição
sombria, que nada deve às representações italianas, e cujo
realismo ultrapassa todas as convenções.

Obrigado a regressar à Espanha em 1631, por problemas de saúde,
Velázquez retomou suas funções e deu início à
fase mais produtiva de sua carreira, marcada não apenas pelos retratos
de personagens da corte, mas também por trabalhos com temas históricos,
mitológicos e religiosos. Para a redecoração do palácio
de Bom Retiro, realizou diversos retratos eqüestres de Felipe IV e sua
única obra com tema histórico, A rendição de
Breda
(1634-1635; Prado). Também conhecida como As lanças,
a obra é considerada por grande parte dos críticos como a mais
perfeitamente equilibrada do artista.

Datam dessa época as famosas séries de retratos do soberano, eqüestres
e em vestimentas de caça, e de outros personagens da corte espanhola
em poses informais, como o do Príncipe Baltasar Carlos (Prado), que se
destaca pela espontaneidade. Dentre as composições mais notáveis
dessa fase sobressaem os retratos de anões e bufões, nos quais
Velázquez demonstra grande discernimento psicológico e poder de
caracterização na capacidade de realçar a dignidade dos
modelos em contraste com sua deformidade, claramente exposta.

Em 1649, Velázquez empreendeu nova viagem à Itália, dessa
vez em missão oficial, para adquirir pinturas e esculturas para a coleção
real espanhola. Nesse período, o artista se encontrava no auge de sua
forma e antes de regressar a Madri pintou três de suas obras mais conhecidas:
o retrato do papa Inocêncio X (1650; Galleria Doria Pamphili, Roma), quase
impressionista, notável pela severidade e que lhe valeu celebridade internacional,
e suas únicas paisagens, duas vistas da Vila Medici, em Roma (Prado).
Únicos exemplares de paisagens puras em sua obra, marcadas pela liberdade
de pincelada, as duas pequenas telas bastariam para justificar a posição
de Velázquez como principal precursor do impressionismo.

De volta a Madri em 1651, foi encarregado da decoração de todos
os palácios reais, mas prosseguiu com seus trabalhos de pintura, embora
em ritmo menos acelerado. São dessa época os retratos da rainha
D. Mariana (1652-1653; Prado) e da infanta D. Maria Teresa (1652-1653; Museu
de História da Arte, Viena), que mais tarde se tornaria rainha da França.
Por volta de 1655, pintou o primeiro quadro na história da arte dedicado
ao trabalho, As fiandeiras (Prado), que teve suas proporções
definidas com base na observação de Velázquez das composições
do teto da capela Sistina.

Também nessa época o artista concluiu o que todos os críticos
consideram sua obra-prima, a tela As meninas (c. 1656; Prado), composição
de extrema complexidade que culmina a série dos quadros da corte. É
a síntese de seu realismo e de seu idealismo, tanto no sentido das proporções
ideais como no do espírito aristocrático. A composição
contrasta o grupo circular das figuras em cena e as linhas verticais que tendem
para cima. Igual contraste se nota entre os fundos escuros e a luz que envolve
as figuras. A infanta Margarida Maria é o centro ideal da composição
e em torno dela giram as outras figuras, inclusive o próprio Velázquez,
auto-retratado. A cena parece inesperada e espontânea – a infanta e suas
damas de honra o vêem pintar o rei e a rainha, vistos apenas refletidos
num espelho ao fundo – apesar da hierarquia calculada do conjunto, com o artista
em discreto segundo plano.

Existem pouco mais de cem obras conhecidas de Velázquez. Como quase nunca
assinava seus trabalhos, o artista teve atribuídas a ele muitas telas
de outros pintores. Embora suas obras chamem a atenção pela aparente
naturalidade, não são fruto da simples observação,
mas de uma elaboração intelectual, na busca de uma representação
ideal do mundo em formas ideais. Cercado de prestígio e honrarias, Velázquez
morreu em Madri, em 6 de agosto de 1660.

Conheça
as obras do artista

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